Faltam 4.646 professores na rede municipal de São Paulo

Por Stephane Sena e Tadeu Nunes

Inaugurada em março deste ano, a Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Chácara Turística, no Jaraguá, zona norte de São Paulo, tem falta de professores, de material escolar e até de carteiras.

Para as salas do ensino fundamental 1, em que há um professor por turma, são 15 vagas de docentes em aberto, além das três cadeiras de ciências e cinco de educação física a serem preenchidas.

Em toda a rede municipal, faltam, em média, três professores por escola, segundo dados obtidos pela reportagem e pelo site Fiquem Sabendo, por meio da Lei de Acesso à Informação.

No total, as 1.456 escolas administradas diretamente pela prefeitura tinham 4.646 vagas de professores em aberto. De acordo com a gestão municipal, a rede tem 64,7 mil professores contratados.

"Tem professor que não tem carteira para dar aula", conta a dona de casa Kézia Alves, 44, mãe de aluno da Chácara Turística. Ela diz que a direção da escola tenta repor as vagas o mais rápido possível, mas não é fácil. "A diretoria diz que os professores não se interessam por trabalhar aqui", afirma.

Em quase metade dos colégios da rede municipal (715) falta, pelo menos, um professor do ensino fundamental 1 (1º ao 5º ano). Ao todo, são 1.760 vagas em aberto.

Para Eliana Asche, doutora em educação e professora da Fesp-SP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo), as vagas em aberto nos ensinos fundamental 2 (6º ao 9º ano) e médio se devem ao baixo número de profissionais especializados.

Já no ensino fundamental 1, é necessário abrir concurso. "Não faltam profissionais no mercado, nem interesse, já que a prefeitura paga melhor que o Estado", afirma.

Segundo a prefeitura, o piso salarial para 40 horas semanais é R$ 3.300. No Estado, o piso para o ensino fundamental 1 é de R$ 1.811,91, para 30 horas semanais.

Prefeitura

A Secretaria Municipal da Educação afirma que contratou 1.844 professores temporários no ensino fundamental 2 e que em janeiro iniciou a cha­mada de professores do ensino fundamental 1 e da educação infantil que fizeram concurso no ano passado.

"Conjuntamente, os contratos dos atuais temporários foram prorrogados por mais seis meses", diz, em nota.

Sobre a escola Chácara Turística, a secretaria afirma que o quadro de professores está completo. "A escola, que é nova, não apresenta nenhum problema", diz a pasta.

Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo 

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