Previsão inicial de 2012 passou para 2015 e, agora, diante de diferentes entraves, ganhou mais de três anos de prazo; Obras em estações ficaram paradas por erros em projeto; galerias de água estão sendo desviadas.
Por Artur Rodrigues Eduardo Geraque
Apresentado como uma solução rápida e barata para ligar a Vila Prudente até a Cidade Tiradentes, no extremo leste de São Paulo, o monotrilho da Linha 15-Prata do Metrô virou uma obra demorada e cada vez mais cara do governo Geraldo Alckmin (PSDB).
Uma entre outras obras atrasadas do metrô paulistano, esse projeto completo prevê um total de 18 estações, em um trajeto completo de 26,7 km. Mas há exatamente um ano apenas um trecho de 2,9 km, entre as estações Vila Prudente e Oratório, opera –em sistema de testes.
Nesta segunda (10), no mesmo trecho entre as duas únicas estações concluídas, o horário de funcionamento será ampliado (das 7h às 19h), e a tarifa de R$ 3,50 será cobrada.
A promessa de entrega da obra já mudou algumas vezes. Inicialmente, antes mesmo do atual edital, falou-se em 2012. A seguir, o prazo foi lançado para o final de 2015.
A obra não ficará completa antes do final de 2018 –até lá, a previsão oficial é concluir até nove estações.
O governo estima que gastará R$ 7,1 bilhões, mas já há ao menos dez aditivos de preço que vão encarecer a obra.
"Vantagens apresentadas, como a agilidade da obra e a interferência menor no viário, por exemplo, já deixaram de existir", afirma o consultor em transporte Flamínio Fichmann. Para ele, um BRT (tipo de corredor de ônibus com maior capacidade) teria sido mais barato e eficaz.
A reportagem conversou com pessoas ligadas à execução da linha do Metrô, que revelaram uma série de problemas, que vão de falhas tecnológicas a erros de projeto.
Entre eles, um erro no projeto obrigou a deslocar galerias subterrâneas de águas para a construção de estações, caso revelado pela Folha que ampliou os custos.
Mas esse é apenas um dos problemas. A licitação fatiada, com a construção da linha separadamente das estações, atrapalhou o andamento da obra, segundo engenheiros que atuam no monotrilho.
Série de problemas
Também houve atraso na chegada dos trens e problemas com sistemas de energia e softwares. Recentemente, técnicos resolviam falhas em um chip que passa informações dos pneus do trem para a central. Outro ponto problemático foi um sensor da porta, que emitia sinal incorreto.
A linha foi fechada nesta semana e, neste fim de semana, serão feitos os últimos testes. Usuários rotineiros reclamam da forte trepidação.
Quem mora próximo da linha afirma que, após um longo período com as obras paradas, os operários passaram a ser vistos com mais intensidade nos últimos três meses.
"Com esse começa e para só fica pronto em 2020", diz o pintor Marco Antonio Santos, 54, que mora perto da futura estação Camilo Haddad.
Dono de um bar perto da futura estação Vila União, Expedito Alves Coelho, 83, afirma que os sucessivos atrasos vêm causando prejuízo.
"Com essa obra na [avenida Luiz Ignácio de] Anhaia Mello, as pessoas não conseguem chegar aqui. E eu também não consigo trabalhar todos os dias, porque o barulho é muito alto", declara.
"Quando inaugurar, vai ser bom para mim. Mas já estou no fim da vida, não sei se vou ver isso não", completou.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo