Reforma, iniciada em dezembro, não tem data para acabar; moradores lamentam demora.
Por Bruno Ribeiro e Juliana Diógenes
Iniciadas em dezembro do ano passado, as obras de reforma da piscina olímpica do Complexo Esportivo do Estádio do Pacaembu, na zona oeste de São Paulo, estão paralisadas e não têm data para serem retomadas. A descoberta de problemas estruturais durante as obras fez a Secretaria Municipal de Esportes pedir mais verbas para o trabalho, que segue sem definição de liberação.
A área interditada é a principal piscina pública da região e atende também a moradores da área central da cidade. A arquibancada, com capacidade para 2.500 pessoas, era usada como local de banho de sol pelos frequentadores. O lugar foi fechado em 21 de dezembro. O objetivo era trocar filtros e tubulações. A promessa era de que os serviços durassem 120 dias.
Morador do Pacaembu, o autônomo Márcio Eduardo Abujamra, de 35 anos, frequenta o clube há quatro anos. Antes, ele ia ao local somente para nadar. Na véspera do Natal, quando a piscina fechou, Abujamra questionou os funcionários: “Logo no verão vão fechar a piscina? Por que não no inverno?”. O sócio então foi informado de que as obras acabariam em maio.
“Compraram material, sacos de areia, e está tudo lá, parado. Não vejo ninguém trabalhando. E agora o gerente me disse ‘esquece a piscina, só em meados de 2016’.”
A dona de casa Odete Soares, de 42 anos, fez nesta sexta a inscrição para se tornar sócia do clube. “A primeira coisa que perguntei foi: ‘E a piscina?’ E falaram que está previsão (para reabrir). Uma pena”, disse. Odete planejava aprender a nadar e gostaria que o pai, com a perna recém-amputada, fizesse aulas de natação. “Queria trazer meu pai. Para ele seria bom fazer natação por causa da perna. Mas não tem piscina, como que ele vai fazer? Agora só resta esperar”, disse a dona de casa.
Riscos
O presidente da Associação Viva Pacaembu, que reúne moradores do bairro, Rodrigo Mauro, diz que o fechamento foi feito em caráter de urgência. “A piscina tinha de ser fechada para a troca dos filtros, não havia outro jeito. Por isso o fechamento foi feito em dezembro, no começo do verão, uma época ruim”, diz.
“A administração do clube pediu nossa ajuda e nós informamos os moradores sobre a falta de condições de funcionamento. A maioria entendeu”, continua Mauro. “Acontece que, depois, foram descobertos problemas estruturais. O cloro da piscina corroeu as armaduras metálicas, o que poderia trazer risco para os frequentadores. Agora, estão esperando a Prefeitura liberar verbas para concluir a reforma.”
A Secretaria Municipal de Esportes confirma as informações. Em nota enviada à reportagem, o órgão afirma que a descoberta de problemas estruturais na piscina aconteceu durante os serviços de troca de filtros e trabalhos na casa de máquinas, o que demandou uma análise especializada e elaboração de um novo plano de ação. “O estudo já está pronto, o valor das obras é de aproximadamente R$ 500 mil”, informa a nota.
Ainda não há previsão para liberação desses recursos. “As obras serão retomadas após a liberação da verba e devem estar concluídas em 120 dias”, diz a Prefeitura.
Centro Desportivo Baby Barioni
Outra opção de piscina pública na zona oeste de São Paulo, o Centro Desportivo Baby Barioni, na Água Branca, está fechada desde agosto do ano passado. A previsão de reabertura é em setembro do ano que vem.
As obras são de reforma de todo o complexo, com instalação de pontos de acessibilidade, segundo a Secretaria de Estado de Esporte, Lazer e Juventude. Mesmo assim, a população lamenta a falta do espaço.
“Disseram que poderia fazer inscrição para o meu filho nadar aqui, mas, quando vim conhecer, estava fechado. Nunca vi ninguém trabalhando, e a impressão é de que essa reforma nunca vai acabar”, diz a empregada doméstica Irene Vieira, de 37 anos. Diante do conjunto, o corretor de imóveis Marcelo Abrigato, de 47 anos, reclama do ritmo lento das obras. “Fiz natação há muito tempo neste clube. É excelente”, afirma ele.
Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo