Por Laura Lewer
Dois dos três sacolões municipais da região central de São Paulo continuam distribuindo sacolinhas que descumprem as regras definidas pela própria administração Fernando Haddad (PT).
A medida, em vigor desde abril, diz que comerciantes devem oferecer somente as sacolas nas cores verde e cinza, feitas com material renovável.
Os sacolões Avanhandava e Bela Vista, porém, distribuem uma versão verde clara e sem as inscrições sobre reciclagem. As unidades são gerenciadas por uma contratada da prefeitura –demais funcionários são permissionários.
Segundo a resolução, as sacolinhas plásticas devem seguir uma série de especificações sobre composição, tamanho, espessura e peso suportado. Além disso, devem respeitar a identidade visual estabelecida, com informações sobre coleta seletiva e tipo de material que podem acondicionar, por exemplo.
Segundo a gerente do mercado da rua Avanhandava, Núbia Souza, o fornecedor das sacolinhas garantiu que elas estavam de acordo com as regras. "Se estamos sendo enganados, eu não sei", diz.
O estabelecimento tem as novas sacolas verde e cinza, mas essas ficam embaixo do balcão e são pouco usadas. "Se formos usar as novas, vamos ter que cobrar. O cliente não quer pagar por elas."
A empregada doméstica Viviane Ribeiro, 40, embala um pedaço de melancia com a sacola verde do Avanhandava e a alça se rompe. A operadora do caixa, então, pega uma das sacolinhas regulamentadas debaixo do balcão –elas devem suportar até 9,99 kg– e embala o produto.
"É a primeira vez que me dão a sacolinha nova por aqui, mas foi só para a melancia", conta Viviane.
No Sacolão Municipal Bela Vista, na rua Jaceguai, a funcionária Geralda Diniz mostra um estoque de sacolinhas cinzas, mas diz que ainda não são usadas porque as antigas não acabaram.
No Sacolão Municipal Brigadeiro, as novas sacolas são distribuídas.
Outro lado
De acordo com a gestão Haddad, os sacolões que ainda distribuem as sacolas antigas receberão "advertência por escrito e a cobrança imediata da troca de sacolas".
As punições em caso de descumprimento são advertência por escrito, suspensão por até sete dias –podendo dobrar em caso de reincidência– e revogação do TPU (termo de permissão de uso).
Segundo a prefeitura, mercados e sacolões são administradas por funcionários ligados diretamente à Abast (Supervisão Geral de Abastecimento) ou à subprefeitura.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo