30% das amostras de água de SP têm índice de flúor inadequado

Em 14,5% das amostras, a concentração da substância ficou abaixo do recomendado; o flúor ajuda na prevenção de cáries.

Por Fabiana Cambrioli, Guilherme Duarte e Daniel Bramatti

Quase um terço da água do Estado de São Paulo tem índices de flúor abaixo ou acima do recomendado pela Secretaria Estadual da Saúde, mostra pesquisa inédita feita pelo Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CRO-SP), em parceria com especialistas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Resolução editada pelo governo do Estado em 1995 determina que todas as empresas de abastecimento de São Paulo adicionem de 0,6 a 0,8 miligrama de flúor por litro de água. O objetivo da medida é prevenir cáries na população. O levantamento, divulgado nesta terça-feira, 11, mostra, no entanto, que 14,5% das amostras colhidas têm flúor abaixo do recomendado, o que inviabiliza a função preventiva da água, e outros 14,5% possuem concentração da substância acima do adequado, o que pode causar fluorose, problema que causa manchas e outros danos ao esmalte dos dentes.

“A fluoretação da água é a medida mais eficaz e econômica de combate à cárie. O levantamento é importante para alertar os municípios a monitorar o cumprimento dessa medida”, diz Claudio Miyake, presidente do CRO-SP.

A pesquisa coletou mais de 11,7 mil amostras de água em 642 dos 645 municípios paulistas, no maior levantamento já feito no mundo sobre fluoretação de água. Os dados detalhados por município mostram que apenas 84 cidades, ou 13% do total, tiveram resultados adequados em todas as amostras, entre elas a capital paulista. Isso indica que os 87% restantes dos locais pesquisados tiveram pelo menos uma amostra imprópria. Em 50 municípios, ou 7,7% do total, todas as amostras pesquisadas estavam fora dos índices adequados.

De acordo com o CRO-SP, as cidades com os maiores índices de flúor são Cesário Lange e Pereiras. Já as cidades com a menor concentração, abaixo do necessário, são Altinópolis, Analândia, Boa Esperança do Sul, Guatapará, Ipeúna, Luis Antonio, Morro Agudo, Nuporanga, Orlândia, Pirajuí e Rio das Pedras.

Punição

O conselho informou que os resultados serão encaminhados para todas as prefeituras, Ministério da Saúde, Secretaria Estadual da Saúde e para órgãos de fiscalização da administração pública, como Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado.

A Secretaria Estadual da Saúde, que faz repasses a alguns municípios para custear a fluoretação da água, disse que vai avaliar os resultados da pesquisa para definir se as cidades que estão descumprindo a norma podem sofrer alguma punição.

Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo

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