Com relação ao sistema politico, o estudo indica números bastante expressivos, como o fato de 70% dos entrevistados terem baixíssima expectativa sobre a reforma política.
O estudo divulgado pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas (FGV/DAPP) sobre os 100 primeiros dias do atual governo aponta “crise de confiança” nas instituições políticas. De um modo geral, o resultado indica relativo pessimismo sobre a economia, contrastando com as expectativas manifestadas no ano passado, além de uma descrença em relação ao sistema político, alcançando todos os níveis federativos e também o Congresso Nacional.
Com relação ao sistema politico, o estudo indica números bastante expressivos, como o fato de 70% dos entrevistados terem baixíssima expectativa sobre a reforma política. Os dados caem quando o tema é aprovação do governo: 77% dos entrevistados afirmar não ter muita confiança no atual governo e 80% dizem não confiar em partidos, governadores, senadores e deputados. Já a insatisfação com o funcionamento da democracia é um pouco menor e alcança 3 em cada 5 brasileiros (cerca de 60%). Quanto à economia, a pesquisa mostra que mais da metade dos entrevistados acreditam que situação irá piorar antes de melhorar. Há 6 meses, este número era de apenas 22%.
Para Marco Aurélio Ruediger, diretor da FGV/DAPP, há um movimento no Brasil de reforma política na contramão das demandas da sociedade. "A sociedade não está nas ruas, mas está atenta, acompanhando e discutindo os assuntos. A pesquisa mostra uma dissociação muito grande entre o que se espera e o que se está fazendo, e isso é problemático. Uma reforma que mantenha o status quo obsoleto ou até que o piore não será durável", ressalta. Segundo Ruediger, há possibilidade das decisões tomadas se distanciem demais das expectativas. "Hoje em dia, todo mundo quer mais transparência, mas a reforma política que está se discutindo é circunstancial e tática. Não contempla nada disso", completou.
Em recente entrevista ao Valor Econômico, Ruediger ressaltou, ainda, que a população percebe a falta de agenda para as áreas de segurança e saúde. “A cobrança é imediata e o tempo de resposta gera uma tensão frequente, porque o desenho institucional e até a cultura política estão muito distantes dessa expectativa”, afirmou. Para realização da pesquisa, que é a terceira de uma série sobre políticas públicas iniciada no primeiro semestre de 2014, foram entrevistadas 3.600 pessoas em cinco regiões metropolitanas (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre) e no Distrito Federal, entre os dias 14 e 18 de abril.
Matéria originalmente publicada no portal da FGV