Segundo o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, ainda não há uma data para que as obras comecem.
Por Rafael Italiani
O canteiro central da Avenida Doutor Arnaldo, no Sumaré, zona oeste de São Paulo, vai receber uma ciclovia. Segundo o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, ainda não há data para o início das obras, mas a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) já tem os estudos técnicos de implementação das faixas.
De acordo com ele, a via será interligada coma as pistas para ciclistas da Avenida Paulista e da Rua da Consolação – as obras começam até o fim deste mês. A intenção da Prefeitura é que a via segregada comece ou na Rua Minas Gerais ou em uma alça de acesso na Praça José Molina, conhecida como Praça dos Arcos.
O secretário explicou que o traçado deve seguir na direção da Avenida Heitor Penteado e terminar na região da Rua Cerro Corá, na Lapa, também na zona oeste da capital. A pista é considerada essencial para o desenho da malha cicloviária da capital. Quando estiver pronta, ciclistas poderão sair do Jabaquara, na zona sul, e chegar a bairros como Lapa, Sumaré e Perdizes usando apenas as ciclovias. O trajeto segue o mesmo itinerário subterrâneo das Linhas 1-Azul e 2-Verde do Metrô.
Um dos desafios para o setor de planejamento cicloviário da CET é como fazer a pista para bikes na região do túnel da Avenida Doutor Arnaldo que é usado por motoristas que vêm da Avenida Rebouças. “Vamos fazer a transição por cima.
O gargalo é a saída do túnel e a equipe está quebrando a cabeça”, afirmou o secretário. Para Horácio Augusto Figueira, mestre em Transportes pela Universidade de São Paulo (USP), a Prefeitura deve descartar que a ciclovia passe pela calçada subterrânea da avenida.
“Não é o ideal. Precisa tomar cuidado para não criar uma armadilha. Não dá para dizer que pedestres e ciclistas vão se entender criando um estresse entre eles”, disse o especialista.
Caso a CET faça a pista sobre o passeio, ela vai criar uma calçada compartilhada, como as da Rua Amaral Gurgel e da Avenida São João, no centro, sob o Minhocão. Na ciclovia inaugurada no dia 9 de agosto há conflitos entre passageiros de pontos de ônibus, ciclistas e pedestres.
Os cicloativistas receberam bem a notícia de mais uma área segregada para bikes na cidade. Para Willian Cruz, do site Vá de Bike, a cidade começa a ficar cada vez “mais funcional” para quem quiser fazer grandes deslocamentos pedalando.
Recomendação
Nesta sexta, a dois dias da festa de inauguração da ciclovia da Avenida Bernardino de Campos, o Ministério Público Estadual (MPE) recomendou que a Prefeitura não interdite o tráfego de carros para liberar a entrada de bikes e pedestres no viário da Avenida Paulista. Essa seria a segunda interdição da avenida feita no ano pela Companhia de Engenharia de Tráfego do Município.
A Promotoria de Habitação e Urbanismo alega em sua recomendação que, se a Prefeitura repetir a medida, a administração municipal corre o risco de não realizar a Corrida de São Silvestre e a festa da Virada.
Em 2007, a Prefeitura assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para fazer três grandes eventos na avenida. Neste ano, segundo o MPE, foram dois: a Parada Gay e a inauguração da ciclovia, no dia 28 de junho. O órgão alega que, caso a Prefeitura faça um quarto evento, os cofres municipais terão de pagar uma multa de R$ 30 mil por descumprir o TAC.
A Prefeitura informou que recebeu um ofício do órgão e “prestará todos os esclarecimentos solicitados” pelos promotores. Segundo a administração, a CET faz os fechamentos e organiza o trânsito para minimizar os impactos de grandes aglomerações, como ocorreu no último domingo durante a manifestação anti-Dilma.
Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo