Segundo Jilmar Tatto, estudos técnicos da CET mostraram que é possível abrir a via para pedestres e ciclistas todos os domingos.
Por Juliana Diógenes
Uma semana após o último teste de fechamento da Avenida Paulista para veículos antes da decisão final da Prefeitura de São Paulo, o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, disse que a gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) dialogou com comerciantes da região e que a "ampla maioria" aprova a medida. A Paulista foi fechada no domingo, dia 23, durante a inauguração da ciclovia na Avenida Bernardino de Campos. Segundo Tatto, os estudos técnicos da Companhia de Engenharia do Tráfego (CET) mostraram que é possível abrir a via para pedestres e ciclistas todos os domingos.
"Fizemos conversas com praticamente todo o comércio e as atividades existentes que funcionam no domingo. A ampla maioria é favorável e não vê problema nenhum em a Paulista ser aberta para os pedestres", afirmou Tatto.
De acordo com o secretário, a área de alimentos, especificamente, teria aumentado o número de vendas com a abertura da Paulista para pedestres e ciclistas. "Aumentou a circulação, o que é natural. As pessoas de carro circulam, passam por lá e não param. Quem está a pé para e acaba consumindo naquela região", explicou.
Um dos principais argumentos da Associação Paulista Viva, contrária ao fechamento, é de que a medida traria impactos econômicos aos comerciantes da região da Avenida Paulista. A entidade cobrou uma avaliação da Prefeitura sobre os possíveis prejuízos ao comércio.
Para os motoristas, o impacto "não é tão grande" porque, ao perceber a Paulista bloqueada, o motorista vai buscar alternativas ou evitar a região, explicou Tatto. A Prefeitura fez "canalizações" para ajudar na circulação de veículos no entorno do Hospital Santa Catarina, do Clube Homes e do Hotel Meliá. "Mesmo do ponto de vista do estacionamento, o próprio Conjunto Nacional tem uma canalização para o funcionamento do estacionamento".
A conclusão do estudo da CET é semelhante ao que foi percebido no primeiro teste de fechamento da Paulista, durante a inauguração da ciclovia, em 28 de junho. O secretário voltou a afirmar nesta segunda-feira o que havia dito na ocasião: "Do ponto de vista técnico, não há nenhuma dificuldade".
"A expectativa é de que a Paulista possa ser aberta todos os domingos. De preferência, quando fizer sol. Não sei se domingo que vem vai fazer sol. Se fizer sol, quem sabe (abrimos a Paulista) domingo que vem", disse.
Ministério Público
Nesta semana, a Prefeitura de São Paulo vai se reunir com promotores do Ministério Público Estadual (MPE) e a expectativa é de que haja "bom senso" da instituição, disse Tatto. Embora o MPE tenha se posicionado contrário ao fechamento da via para carros no dia 23, a Prefeitura de São Paulo bloqueou assim mesmo a Paulista para o segundo e último teste.
O argumento da Promotoria de Habitação e Urbanismo é de que a Paulista só pode ser fechada três vezes por ano, segundo Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado com a Prefeitura em 2007. Caso o termo não seja cumprido, a administração municipal deverá pagar multa de R$ 30 mil.
Como em 2015 já houve a Parada Gay, além dos dois testes da Prefeitura, o MPE afirma que a Paulista não poderia mais ser bloqueada, o que impossibilita, por exemplo, a Corrida de São Silvestre e o Show da Virada, ambos no dia 31 de dezembro. A gestão Haddad, no entanto, considera que a abertura para pedestres e ciclistas aos domingos faz parte de uma política pública de ocupação do espaço, enquanto a Parada Gay, a São Silvestre e o Show da Virada são considerados eventos.
Em ocasiões anteriores, Haddad chegou a afirmar que fecharia a Avenida Paulista todos os domingos. Em seguida, passou a considerar a interrupção do tráfego de veículos domingo sim, domingo não. Por fim, admitiu que uma terceira hipótese está em análise: a de bloquear a via uma vez por mês, como já foi feito no passado.
Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo