Segundo Moody's, população de São Paulo cresceu rápido, mas investimento em infraestrutura não acompanhou o crescimento.
A agência de classificação de risco Moody's avalia que o perfil de crédito da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) está mais vulnerável a uma potencial continuidade da seca do que o Departamento de Água e Energia de Los Angeles (LADWP, na sigla em inglês), empresa que também enfrenta dificuldades em função da escassez hídrica.
Em relatório assinado pelos analistas Paco Debonnaire e Michael Wertz, a Moody's compara a seca em São Paulo e na cidade de Los Angeles, bem como o posicionamento da Sabesp e LADWP para enfrentar as dificuldades. O documento afirma que, embora as duas regiões estejam enfrentando um cenário de escassez hídrica que já dura mais de um ano, Los Angeles está melhor posicionada para enfrentar a seca em função de uma combinação de fatores que incluem melhor planejamento de infraestrutura, esforços de conservação e autoridade para definir aumentos de tarifa. Segundo a agência, as ineficiências nessas frentes pressionam o rating de crédito da Sabesp.
Segundo a Moody's, a população de São Paulo cresceu muito mais rápido do que a de Los Angeles, mas o investimento em infraestrutura não acompanhou o crescimento, deixando o Estado sem condições de aumentar a capacidade de armazenamento de água. A agência destaca que, como consequência, o LADWP tem 18 meses de água armazenada, ante aproximadamente cinco meses da Sabesp.
O relatório diz que a adoção de um programa de 12 anos, por parte da Sabesp, para reduzir perdas de água está sendo freado pela estabilidade financeira da empresa, enquanto o LADWP aumentou a eficiência do sistema de transporte, reduzindo vazamentos.
Em relação às tarifas, os analistas destacam que a empresa norte-americana possui mais espaço no processo de definição de taxas que a Sabesp, o que aumenta a estabilidade fiscal da companhia e permite a adoção de estratégias mais agressivas de conservação de água. A Moody's atribui à Sabesp rating Ba1, com perspectiva negativa. O LADWP, por sua vez, possui classificação Aa2, com perspectiva estável. O Estado procurou a Sabesp, mas a empresa não se manifestou.
Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo