Por Eduardo Geraque
O programa para reflorestar o entorno dos mananciais de São Paulo, lançado há mais de seis meses, plantou até agora 30 dos 4.464 hectares previstos de vegetação nativa em até dois anos. Isso representa 0,67% da meta.
Outros 400 hectares estão programados para os próximos meses, segundo a Secretaria de Meio Ambiente da gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Estudo da ONG TNC (The Nature Conservancy) divulgado no ano passado mostrou que reflorestar uma pequena parte em volta das represas da Grande São Paulo, em torno de 3%, pode aumentar em até 50% a capacidade delas para o armazenamento de água.
A estimativa da ONG é que essa iniciativa custe por volta de R$ 200 milhões. Esse valor poderia ser recuperado pela diminuição no custo do tratamento de água, que teria mais qualidade.
A ideia do programa é não usar recursos públicos no reflorestamento. O dinheiro será dado por empresas privadas que, segundo a lei, já são obrigadas a fazer a compensação ambiental de projetos com impactos negativos.
Um programa semelhante havia sido lançado com outro nome em 2014, mas acabou repaginado neste ano por causa da crise hídrica.
"Nesse período de seca, tecnicamente não vale a pena plantar, porque as mudas vão acabar morrendo" afirma Patrícia Iglecias, secretária estadual de Meio Ambiente.
A representante da gestão tucana é categórica em afirmar que a meta dos dois primeiros anos do programa "será atingida" pelo governo.
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De acordo com Roberto Resende, presidente da Iniciativa Verde, além de ser acelerado, o programa do governo precisa ser mais conhecido.
"O maior conhecimento dele pela sociedade em geral e especialmente pelos atores [empresas, órgãos públicos e até ONGs] vai contribuir para seu sucesso", diz Resende.
Hoje, aqueles que dispõem de áreas para o replantio florestal colocam suas intenções na chamada "prateleira de projetos" do Programa Nascentes, para que as empresas interessadas comprem esses plantios e invistam neles.
ONGs como a Iniciativa Verde e a Cooperativa Ambiência é que fazem os plantios nas propriedades rurais.
"O governo vai precisar realmente correr para cumprir a meta. É bastante coisa, mas é factível", afirma Márcia Hirota, da ONG SOS Mata Atlântica. "O que foi feito até agora parece pouco, mas não é."
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo