Após inauguração, contagem mostra que aumento foi de 116%; pesquisa revela ainda que ciclista tem entre 25 e 34 anos.
Por Rafael Italiani
O número de bicicletas que trafegam pela Avenida Paulista mais do que dobrou após a inauguração da ciclovia. Contagem feita em setembro pela Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade), obtida com exclusividade pelo Estado, mostra que 2.112 ciclistas pedalaram pela via, ante 977 registrados em levantamento anterior, realizado em junho, antes da abertura do equipamento pela gestão Fernando Haddad (PT).
A pesquisa será divulgada amanhã, dentro da Semana Nacional da Mobilidade, que começou no dia 18 e acaba no dia 25. Feita no dia 15 deste mês, a contagem mostrou que das 6 horas às 20 horas passaram pela ciclovia 150 bikes por hora – média de quase três ciclistas por minuto. O levantamento anterior foi realizado em 26 de junho, dois dias antes da inauguração.
Para Daniel Guth, diretor da Ciclocidade, o aumento se deve tanto à estrutura quanto à mudança de comportamento de paulistanos que trocaram o transporte público e o automóvel pela bicicleta. “Tem muita gente nova começando a pedalar. Isso mostra nitidamente que a ciclovia é usada muito por quem trabalha e estuda e não está passeando e usando a bicicleta por lazer”, disse Guth.
A Ciclocidade, em parceria com a ONG Mobilidade Ativa e o Observatório das Metrópoles, pesquisou também o perfil dos ciclistas em toda a capital, com base em 1.786 questionários. A principal faixa etária vai dos 25 aos 34 anos (39%), seguida dos 35 aos 44 anos (27,1%).
A faixa de renda predominante dos ciclistas paulistanos está entre um e dois salários mínimos (28,2%), seguida de quem ganha entre dois e três salários (18,9%). Para Guth, o dado desmistifica a imagem de que “quem pedala em São Paulo é ‘mauricinho’”. “São trabalhadores que estão mudando a forma de pensar e interagir com a cidade”, disse.
Assim que a ciclovia da Avenida Paulista foi inaugurada, a assistente editorial Caroline Fernandes, de 28 anos, trocou as viagens de metrô entre a Estação Santa Cruz, da Linha 1-Azul, e o centro, pela bicicleta. Todos os dias, ela pedala cerca de 30 minutos para chegar ao trabalho. De Metrô, levava 40.
“O transporte público estressava demais, e eu já chegava cansada ao trabalho. De bicicleta eu vejo a rua, reparo mais no que acontece à minha volta e fico disposta o restante do dia”, afirmou Caroline. Ela disse que não pretende comprar carro.
A troca dos vagões superlotados pela bicicleta aconteceu, principalmente, porque Caroline se sentiu “mais segura” para fazer o trajeto. “Tem ciclovia da minha casa até o trabalho.”
Venda. Já o administrador de empresas Allan Podanovski, de 45 anos, pedala desde 2008. “Não foi uma escolha por lazer. É para trabalhar, sair do trânsito, parar de perder tempo em congestionamento”, disse. Entre sua casa, na Avenida Angélica, e o trabalho, no Itaim-Bibi, na zona sul, pedala 25 minutos.
A mudança de postura fez Podanovski vender um veículo. “Na minha casa eram dois carros, um meu e o outro da minha mulher. Como comecei a fazer tudo de bicicleta, não fazia sentido ter dois”, disse.
AGENDA DA SEMANA
Segunda-feira
Às 8h20, no Centro de Formação de Segurança Urbana, na Avenida Ariston de Azevedo, 64, no Belenzinho, discussões sobre mobilidade urbana com segurança.
Terça-feira
Dia Mundial Sem Carro e distribuição de camisetas para ciclistas ao longo da Avenida Brigadeiro Faria Lima.
Quarta-feira
Às 9 horas, na Rua Rosa e Silva, 60, na região central da capital, Prêmio CET de Educação de Trânsito.
Quinta-feira
Às 17h30, no Largo da Batata, distribuição de 170 LEDs para pneus de bicicleta.
Sexta-feira
Empréstimo de bicicletas e capacetes, das 9 às 17 horas, no Sesc Carmo, na Rua do Carmo, 147.
Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo