Metrópoles mundiais com menos mortes no trânsito têm limites de velocidade abaixo de 50 km

Dados do World Resources Institute (WRI) apontam que cidades como Tóquio, Londres e Paris, que adotam limites de velocidade inferiores a 50 km/h, tem menor letalidade no trânsito do que outras com limites maiores, como Miami

Por Secretaria Executiva de Comunicação

As grandes cidades e metrópoles que registram as menores taxas de morte no trânsito no mundoadotam limites de velocidade inferiores a 50 km/h em vias urbanas. Os dados são da World Resources Institute (WRI) Cidades Sustentáveis, que mantém escritórios e projetos em mais de 50 países para auxiliar governos no desenvolvimento de soluções sustentáveis para os problemas de mobilidade urbana.De acordo com o levantamento, apresentado a jornalistas na tarde desta quarta-feira (23), a cidade de Tóquio (Japão), que tem limite de velocidade de 50 km/h, tem cerca de 1,7 mortes no trânsito para cada 100 mil habitantes. Paris (França) e Londres (Inglaterra), que também adotaram a redução da velocidade máxima, tem taxa de letalidade no trânsito de, respectivamente, 3,1 e 2,7 mortes para cada 100 mil habitantes. 

Na França, em uma década de adoção da medida, os dados apontam que mais de 14 mil acidentes foram evitados e 580 vidas preservadas. No chamado Périphérique, o anel viário da capital francesa, um ano após a implantação da nova velocidade, os acidentes e vítimas caíram em 15%. Na capital inglesa, a redução da velocidade máxima foi aplicada em 48 km de vias principais e o objetivo é reduzir em 40% o número de pedestres, ciclistas e motociclistas mortos ou feridos seriamente.

“O que a gente vê é que as cidades que tem os melhores desempenhos e menos gente morre no trânsito já controlaram a questão da velocidade, porque é um ponto muito sensível e importante”, afirmou a coordenadora de projetos da WRI Cidades Sustentáveis e mestre em Transportes pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Marta Obelheiro.

Em oposição a isso, cidades com limites de velocidade iguais ou superiores a 60 km/h registram mais mortes, como em Miami  (Estados Unidos), que não adota o limite abaixo 50 km/h e registra taxa de dez mortes para cada 100 mil habitantes, mais que o dobro de Nova Iorque, que adotou velocidade abaixo dos 50 km/h (25 m/h) e tem taxa de 3,5 mortes para cada 100 mil pessoas. Somando ao redesenho de viários e melhorias na sinalização, feitas pelas cidade, Nova Iorque reduziu em 35% o número de pedestres feridos e com menos acidentes, o tempo de deslocamento caiu 15%.

“A recomendação do Código Brasileiro de Trânsito está ultrapassada em relação a boas práticas de segurança viária. A Organização Mundial da Saúde recomenda para vias arteriais urbanas um limite máximo de 50 km/h. Isso é prática mundial, com 114 países com a legislação adequada a essa recomendação e o Brasil ficou um pouco para trás. Só que o código recomenda esse limite, mas dá autonomia para as cidades de optarem por um limite menor e é o que São Paulo está fazendo”, disse Marta.

São Paulo, que vem implantando a padronização da velocidade máxima das vias para 50 km/h, tinha em 2012 taxa de letalidade de 10,4 mortes para cada 100 mil habitanteste. Atualmente, o índice está em cerca de 9,5 mortes para cada 100 mil. Mas a adoção da redução da velocidade, que ve como marco as marginais Pinheiros e Tietê, iniciada em julho, já resultou em redução dos acidentes em 36%, além da diminuição de 8% da lentidão. Na região central, que há mais de um ano recebeu o projeto Área 40, para reduzir a velocidade máxima para 40 km/h, houve queda de 20% dos atropelamentos e 71% das mortes. 

“O município propõe um ambiente seguro, mas também trabalha para que as pessoas de fato tenham atitudes mais seguras. E a segurança não é só do motorista em si, mas também do pedestre para perceber o seu redor”, disse o diretor de Planejamento da CET, Tadeu Leite.

Além da redução da velocidade máxima, o município criou cerca de 400 km de faixas exclusivas para ônibus, quase 300 km de ciclovias e amplia espaços para pedestres com mais sinalização em programas como Centro Aberto, CET no seu Bairro, projeto piloto da faixa verde na avenida Liberdade e a criação de 319 bolsões para motociclistas.

“Temos tido uma relação estreita entre o desenho urbano e as necessidades da engenharia de trânsito, por isso todas as ações foram feitas para permitir que as pessoas se sintam mais seguras e consigam conviver melhor com os espaços públicos”, disse Luís Eduardo Brettas, da São Paulo Urbanismo (SP Urbanismo).

“Há diversas pesquisas que mostram que quanto mais viagens são feitas por transporte individual, por carro ou motocicleta, maiores são as taxas de mortes no trânsito, porque são modos mais perigosos e que aumentam a exposição ao risco”, disse a coordenadora de projetos da WRI.

Os dados apresentados pela WRI apontam que os acidentes de trânsito são a principal causa de mortes na população mais jovem, entre 15 a 29 anos de idade, com mais de 1,2 milhão de vítimas em 2010. O Brasil ocupa o quarto lugar de países com a maior letalidade no trânsito, com mais de 42 mil mortos por ano ou 116 por dia, mais da metade entre os mais jovens. O custo estimado dos acidentes de trânsito no Brasil, incluindo despesas médicas, hospitalares, danos materiais e perda de produtividade, gira em torno de R$ 39 bilhões por ano.

Entre todas as causas de morte e em todas as idades, os acidentes de trânsito estão em nono lugar, mas a previsão é que até 2013, passe para o quinto lugar. “O município propõe um ambiente seguro, mas também trabalha para que as pessoas de fato tenham atitudes mais seguras. E a segurança não é só do motorista em si, mas também do pedestre para perceber o seu redor”, disse o diretor de Planejamento da CET, Tadeu Leite.

Parcerias
A WRI é parceira da Prefeitura na Iniciativa Global de Segurança Viária, da Bloomberg Philanthropies, que selecionou dez cidades no início deste ano para receber apoio técnico e financeiro com ações de combate à violência no trânsito. O objetivo da iniciativa, que tem duração de cinco anos, é diminuir os números de acidentes e vítimas. Além de São Paulo, na América Latina, apenas Fortaleza e Bogotá integram a ação. Os parceiros da ação, como a WRI, cooperam com as cidades com consultorias, capacitações, estudos e auditorias.

Matéria publicada originalmente no portal da Prefeitura de São Paulo.
 

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