DA REDAÇÃO – Câmara Municipal de São Paulo
A população de Ermelino Matarazzo, zona leste, mostrou-se contrária a construção de um corredor de ônibus na avenida São Miguel. De acordo com os participantes da audiência pública realizada no sábado (26/9) pela Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente da Câmara Municipal de São Paulo para discutir o projeto de revisão da lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo – zoneamento -, essa via gerará desapropriações e acabará com o comércio local.
“Essa avenida tem muitos comerciantes e o projeto poderia escolher outras ruas para construir esse corredor sem precisar atrapalhar quem já está instalado há anos nesse local”, explicou o vidraceiro Mauro Belletti. “Temos, por exemplo, como opção a avenida Assis Ribeiro que é paralela a São Miguel e a linha de trem”, acrescentou.
O comerciante Mário Sérgio Nobre concordou. “Se esse corredor for construído vai acabar com os comerciantes da região, porque com certeza haverá desapropriações. Não precisamos de corredor aqui, nunca há congestionamento nessa avenida”, declarou.
A construção desse corredor de ônibus faz parte de um dos principais objetivos do zoneamento – adensar as áreas ao redor dessas novas vias de transporte público, reorganizando a ocupação urbana da capital.
Durante a reunião, o relator do projeto, vereador Paulo Frange (PTB), explicou que esse corredor previsto beneficiará a região. “Essa área será adensada, teremos a verticalização e isso atrairá investidores que construirão edificações com fachada ativa, recuo de calçada e ainda com vias alargadas”, sinalizou.
O parlamentar ainda acrescentou que essa obra é para evitar o congestionamento na avenida. “Se não aumentarmos as larguras das vias agora, não vamos ter capilaridade e vamos continuar adensando e uma hora a periferia vai parar. Além disso, vamos ter mais emprego em Ermelino Matarazzo”, disse.
Jardim Keralux
Representantes do Jardim Keralux participaram da audiência pública e questionaram os vereadores sobre a regularização do terreno em que eles vivem. “Quero apenas saber que tipo de Zeis (Zona Especial de Interesse Social) serão para o nosso bairro”, declarou Eliane Filomena.
O padre Ticão, da Paróquia São Francisco, defendeu que o zoneamento seja aprovado de maneira a regularizar a situação daqueles que estão no Jardim Keralux. “Queremos que a comunidade continue onde está e que tenha seus imóveis regularizados”, acrescentou.
Alguns dos moradores sugeriram aos vereadores que a área seja demarcada como Zeis (Zona Especial de Interesse Social) 5. Criada no PDE (Plano Diretor Estratégico), empreendimentos localizados nessa área estabelece que parte dos imóveis podem ser destinados para fazer comercio no térreo.
Para o vereador Adolfo Quintas (PSDB), seria importante que o projeto fosse aprovado com a demarcação no Jardim Keralux. “É importante para dar condição do bairro crescer e se desenvolver”, afirmou. Para o vereador Vavá (PT), uma das principais demandas é em relação a rota de fuga dessa região, situada entre a rodovia Ayrton Senna e a linha do trem. “Para alcança-lo, precisamos passar pela avenida Assis Ribeiro e ir até a Penha para poder voltar novamente para Ermelino e chegar ao bairro. Precisamos pensar de que maneira podemos resolver isso”, declarou.
O relator do projeto sinalizou para a necessidade de mais discussão sobre as demarcações dessa área. “Algumas pessoas estão nos pedindo que as demarcações de Zepam (Zona Especial de Preservação Ambiental) virem Zeis 5. Precisamos preservar áreas verdes e temos essa preocupação. No entanto, vamos continuar com os debates”, disse Frange.
O presidente da Comissão de Política Urbana, Gilson Barreto (PSDB), falou sobre a importância da legalização dos terrenos. “É fundamental que a população participe dessas audiências que estamos realizando porque estamos debatendo um projeto que definirá o que pode ser construído e por meio dele muitos comércios e moradias serão legalizadas”, disse.
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Matéria publicada originalmente no portal da Câmara Municipal de São Paulo.