Prefeitura promete regularizar situação, mas terá de injetar mais R$ 144 milhões em subsídios para manter operação até o fim do ano.
Por BRUNO RIBEIRO, O Estado de S. Paulo
A Prefeitura de São Paulo está sem pagar as empresas de ônibus que operam em São Paulo desde o dia 12, acumulando uma dívida que já bate em R$ 90 milhões.
O motivo é falta de recursos no Orçamento. Os valores orçados para o subsídio aos ônibus neste ano, de R$ 1,4 bilhão, já foram usados, mas a gestão Fernando Haddad (PT) ainda precisará pelo menos de R$ 144 milhões para custear a operação até o fim do ano.
A Prefeitura argumenta que o estouro no Orçamento ocorreu porque a inscrição de beneficiados para a concessão de direitos como o bilhete único mensal e o passe-livre estudantil superou as expectativas. Há 500 mil pessoas obtendo o benefício hoje.
Segundo a Secretaria Executiva de Comunicação,um decreto autorizando o remanejamento de verbas de outras dotações para o subsídio deve ser publicado amanhã, dia 20, no Diário Oficial da Cidade, regularizando os pagamentos ainda nesta semana.
Pelos contratos de concessão e permissão de ônibus vigentes na cidade, a administração municipal tem cinco dias para pagar as empresas a cada dia de operações. Neste mês, a operação foi paga corretamente até o dia 11, referente à operação do dia 6. Mas, no dia 12, apenas 12% da operação do dia 7 foi quitada.
As empresas de ônibus têm R$ 60 milhões para receber. As empresa das antigas cooperativas, cerca de R$ 30 milhões. Amanhã, dia 20, é o dia de pagamento dos funcionários. O Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros (SPUrbanuss) afirma que, nesta segunda, empresários buscaram linhas de crédito em bancos para não ficar em atraso com os funcionários.
O Orçamento enviado pela Prefeitura à Câmara Municipal para o ano que vem prevê que o subsídio para os ônibus deve bater nos R$ 2 bilhões. O dinheiro serviria para manter a tarifa em R$ 3,50 no ano que vem, ano eleitoral.
A Prefeitura gastou R$ 12 milhões para fazer uma auditoria nos gastos do sistema. A auditora, entretanto, não avaliou como é feita a arrecadação de verbas do sistema — as empresas que vendem crédito para o bilhete único não foram auditadas.
Na semana passada, a gestão Haddad lançou uma nova licitação para o sistema de ônibus.
Matéria publicada originalmente em O Estado de S. Paulo.