POR EDUARDO SCOLESE, EDITOR DE "COTIDIANO" – FOLHA DE S. PAULO
Duas das mais recentes e polêmicas ações do prefeito Fernando Haddad (PT) dividem a opinião dos paulistanos: o fechamento da av. Paulista para carros aos domingos e a redução da velocidade máxima em ruas e avenidas da cidade de São Paulo.
Há empate em relação à mudança da velocidade, segundo pesquisa Datafolha realizada na semana passada. Contrários e favoráveis somam 47% cada, com 4% de indiferentes e 2% que não souberam responder.
Essa política não é nova na cidade, mas foi intensificada sob Haddad e teve forte repercussão em julho, quando a gestão anunciou a redução da velocidade máxima permitida nas marginais dos rios Tietê e Pinheiros.
Os limites nas vias caíram de 90 km/h para 70 km/h na pista expressa, de 70 km/h para 60 km/h na central e de 70 km/h para 50 km/h na local.
A polêmica em torno dessa medida foi tão grande que a seção paulista da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) chegou até a acionar a Justiça –sem sucesso.
O Datafolha questionou os paulistanos sobre a política geral de redução de velocidade em toda a cidade.
A mais alta taxa de aprovação, de 52%, está entre os mais pobres (renda familiar de até dois salários mínimos) e menos escolarizados (ensino fundamental). Já a maior rejeição (53%) a essa ação está entre aqueles que ganham mais de cinco salários mínimos.
Uma curiosidade, segundo a pesquisa, é que a maioria das mulheres (51%) é a favor das medida, e a maior parte dos homens (52%), contrária.
Ainda de acordo com o Datafolha, 31% dos paulistanos consideram essa medida muito eficiente para a redução de acidentes na cidade. Para 43%, ela é pouco eficiente e, para 24%, nada eficiente.
Justamente pela resistência de parte da população, a prefeitura decidiu desacelerar a implantação da medida. Não há prazo, por exemplo, para universalizar a redução da velocidade para 40 km/h nas vias locais de bairro.
PAULISTA
Os paulistanos também se dividem a respeito da decisão da prefeitura, contestada pelo Ministério Público, de transformar a avenida Paulista em uma via apenas de lazer todos os domingos, sem a circulação de carros das 9h às 17h.
Como a margem erro da pesquisa é de três pontos percentuais, para mais ou para menos, os 47% favoráveis e os 43% contrários estão empatados tecnicamente.
A medida está em prática, mas a disputa entre a gestão Haddad e a Promotoria está longe de um ponto final.
O Ministério Público entende que a prefeitura realizou poucos estudos e audiências públicas para embasar o fechamento e promete multá-la em R$ 50 mil a cada domingo.
Já a gestão municipal argumenta que, do ponto de vista técnico, tudo foi realizado, e que ouviu a opinião de moradores e comerciantes locais.
Segundo o Datafolha, entre os mais jovens (16 a 24 anos), a aprovação à medida é de 57%. Entre os mais velhos (acima de 60 anos), a taxa é de apenas 27%.
A av. Paulista, na região central de SP, é caminho para quem segue da zona oeste e central para a zona sul da cidade –ou no caminho contrário. A menor taxa de aprovação ao fechamento (42%) é de moradores da zona oeste. A maior (51%), de quem vive no centro.
APROVAÇÃO
A mesma pesquisa também apontou a pior avaliação da gestão Haddad, iniciada em janeiro de 2013.
Segundo ela, 49% dos paulistanos reprovam a atual administração da cidade de São Paulo, considerando-a ruim ou péssima. Outros 34% consideram a gestão regular e apenas 15% a avaliam como ótima ou boa.
Já a rejeição às faixas exclusivas para bicicletas criadas pela gestão Haddad vem aumentando, de acordo com o Datafolha, apesar delas ainda serem aprovadas pela maioria dos paulistanos.
Segundo a nova pesquisa, 56% dos paulistanos são favoráveis a elas, percentual menor do que o registrado no primeiro levantamento sobre o tema, em setembro de 2014. Naquela ocasião, 80% dos entrevistados aprovavam as ciclovias.
Atualmente, 39% são contra as faixas para bikes, salto de 25 pontos percentuais em relação à primeira pesquisa, quando os desfavoráveis eram apenas 14%.
Matéria publicada originalmente no jornal Folha de S. Paulo.