Por Eduardo Geraque e Fabrício Lobel
Na opinião de metade dos paulistanos, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) tem feito uma gestão ruim ou péssima da grave crise hídrica que atinge o Estado desde o início do ano passado.
Segundo pesquisa Datafolha realizada na semana passada, 48% dos moradores da capital reprovam a forma como o tucano tem lidado com a seca nos reservatórios e a falta de água nas residências.
A atual reprovação à gestão da crise, no momento em que a cidade enfrenta um forte racionamento de água, representa uma piora de dez pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, realizado em agosto de 2014.
Naquela ocasião, a crise já se agravava, mas era minimizada pelo governador, então candidato à reeleição.
No intervalo entre as duas pesquisas, o índice de paulistanos que consideram a gestão da crise como regular oscilou de 38% para 35% e o dos que a consideram ótima ou boa passou de 21% para 15%.
A pesquisa, realizada quarta (28) e quinta-feira (29), tem margem de erro de três pontos percentuais, tanto para mais como para menos.
Em setembro deste ano, Alckmin foi premiado pelo Congresso por suas ações na atual crise hídrica. À época, ele considerou a condecoração "merecida".
Quem não acha merecido o prêmio é Fábio Ferreira da Mota, 36, morador da Vila Santista, na zona norte. "Para nós, é uma farsa. Na campanha, ele disse que não ficaríamos sem água", afirma ele, em referência a uma declaração do tucano em debate na TV.
Assim como milhares de pessoas em São Paulo, Mota sofre com a entrega controlada de água há um ano e meio. Residências de diversas regiões passam horas por dia com a torneira seca –em alguns casos, de 15 a 20 horas.
O governo evita a palavra "racionamento" e trata a medida como "redução da pressão nos encanamentos" –que empurra menos água pelos canos e, assim, reduz desperdício com vazamento.
Na prática, porém, moradores de bairros mais altos e distantes dos reservatórios, principalmente, recebem menos água em suas casas.
A falta de transparência na crise hídrica também foi abordada na pesquisa Datafolha.
O governo Alckmin tem fornecido apenas as informações sobre a crise que interessam a ele, segundo a avaliação de 84% dos paulistanos (eram 71% no passado). E só 12% dos moradores (eram 23%) acreditam na total transparência do governo sobre esse tema.
Entre os mais desconfiados estão os jovens de 16 a 24 anos, aqueles que têm diploma universitário e os que ganham mais de 10 salários mínimos.
Quando questionados sobre a confiança na Sabesp, empresa responsável pelo fornecimento de água, os entrevistados deram uma nota média de 5,1, em uma escala que vai de zero a dez.
A nota cai para 4,5 entre os mais instruídos (com curso superior completo).
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo