Por Mônica Bergamo
A agência de classificação de risco Fitch deu à cidade de São Paulo um tipo de atestado de que a prefeitura é solvente e tem condições de honrar seus compromissos.
O chamado "grau de investimento" foi dado pela empresa após a administração Fernando Haddad (PT) contratá-la para fazer a análise das contas do município. Para a gestão petista, trata-se de um "marco para a história da cidade e abre um novo capítulo em suas finanças".
A prefeitura obteve da agência Fitch a nota de crédito "AA+" em escala nacional e "BBB-" em escala global.
O selo é tido por Haddad como uma aposta para facilitar a obtenção de financiamentos internacionais e a assinatura de parcerias com garantias para viabilizar projetos atualmente parados –como obras de corredores de ônibus, habitação e creches.
O petista tem se queixado da falta de recursos e atribuído os atrasos em promessas de campanha especialmente à falta de repasses do PAC prometidos pelo governo federal.
Em nota, a prefeitura comemorou a classificação da Fitch e disse "integrar um seleto grupo de entes públicos considerados pelo mercado como de baixo risco de crédito".
Em outubro, a mesma agência rebaixou a nota de crédito do Brasil –mas manteve seu selo de bom pagador. A nota foi cortada de "BBB" para "BBB-" –último degrau antes do nível especulativo.
A nota da prefeitura em escala global é igual à da União –que, por questões metodológicas, serve como teto para classificações subnacionais.
Conforme publicado no "Diário Oficial" em agosto, a Secretaria de Finanças deveria pagar R$ 115 mil à Fitch "para prestação de serviço de atribuição de rating e monitoramento por 12 meses".
A cidade de São Paulo tem uma dívida próxima de R$ 62 bilhões com a União, com quem fez uma renegociação neste ano para a mudança do índice de correção do débito –facilitando seu pagamento.
Em nota, a gestão Haddad cita a renegociação da dívida ("confortavelmente abaixo dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal", diz) como um dos fatores contribuintes.
Apesar disso, Haddad tem reclamado do impacto da crise econômica e da falta de verbas da gestão aliada de Dilma Rousseff (PT). "Uma coisa é ser prefeito com a economia crescendo 5% ao ano. A outra coisa é com a economia encolhendo", afirmou Haddad em agosto.
Eleito com a promessa de parcerias federais, o petista havia obtido até o primeiro semestre somente 2% da verba esperada para creches e corredores de ônibus.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo