Em ao menos 6 colégios da capital, que não constam de lista de unidades a serem fechadas, alunos novos não serão aceitos.
Por Isabela Palhares e Luiz Fernando Toledo
Além do fechamento de 93 escolas e de ao menos uma etapa de ensino em 754 unidades, a reorganização da rede estadual paulista deve fechar ainda mais colégios nos próximos anos. Em ao menos seis escolas da capital, que não constam da lista divulgada pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB), a desativação acontecerá progressivamente – em 2016 não estão previstas matrículas nos anos iniciais em ao menos um dos ciclos.
Em algumas escolas, os pais já foram comunicados da não abertura de vagas (no 1.º ano do ensino fundamental 1, no 6.º ano do fundamental 2 ou no 1.º ano do ensino médio). A previsão é de que não haverá matrículas nos anos seguintes, até o fechamento completo do ciclo. O fim gradativo da oferta de vagas pode levar à desativação de ao menos duas unidades.
Na Escola Estadual Jornalista Carlos Frederico Werneck Lacerda, em Pirituba, na zona norte, os pais já foram informados de que não haverá matrículas para o 6.º ano do ensino fundamental 2 e para o 1.º ano do ensino médio – a escola tem apenas os dois ciclos. “Vão esvaziá-la ano a ano até fechar. Eles estão impedindo a matrícula dos alunos e, para o próximo ano, vamos perder oito turmas”, disse Reginaldo de Lima Filho, professor de História da unidade.
A atendente Aline da Silva Lima, de 27 anos, mora na mesma rua da escola e esperava que no próximo ano o filho Kauê, de 10 anos, pudesse estudar perto de casa no ensino fundamental 2. Hoje, ele está matriculado na Escola Estadual Geraldo Homero Ottoni, uma das que serão fechadas. “Não quiseram nem pegar o nome do meu filho e não me informaram qual escola procurar.” Segundo ela, a secretaria do colégio informou que não fará matrícula para o 6.º ano.
Andrea Arrivabene, de 35 anos, também foi surpreendida quando descobriu que seu filho, que está no 9.º ano, foi transferido da Lacerda para outra escola. Ela esperava que Adriano, de 15, pudesse concluir o ensino médio na escola em que estuda há quatro anos. “Disseram que o ciclo vai continuar, mas sem o 1.º ano.”
Na Escola Estadual Saboia de Medeiros, na Chácara Santo Antônio, zona sul, os alunos afirmam que foram avisados de que não haverá mais matrículas no 1.º ano do ensino médio a partir de 2016 – a unidade já é de ciclo único. “É fechamento velado. Vai ter menos alunos no 2.º ano e no 3.º. Aí, vão alegar demanda baixa e fechar a escola”, disse a professora de Português Yasmin Elisabete, de 61 anos.
Ciclos
Em outras quatro escolas estaduais consultadas pelo Estado, pais e alunos relataram o mesmo informe de fechamento parcial. Na Escola Estadual Francisco Voccio, na Vila Santos, na zona norte, não haverá matrícula no 6.º ano. O mesmo foi avisado nas escolas Carmosina Monteiro Vianna, no Jardim Brasil, na zona norte e Antonio Emílio Penna, na Vila Albertina, também na zona norte. Na Escola Martin Egydio Damy, na Brasilândia, na zona norte, o fechamento parcial foi anunciado para o ensino médio noturno.
A Secretaria Estadual da Educação, em nota, informou que é “parte da rotina das escolas” realizar um estudo de demanda para o início do ano letivo, independentemente da reorganização. “O período de matrículas ainda está aberto, portanto, não há como garantir, neste momento, se haverá ou não turmas para os ciclos de ensino mencionados. Também não há qualquer previsão de fechamento das unidades.” A secretaria não disse por que pais e alunos já foram informados pelas diretorias dessas mudanças e a razão de elas não terem sido divulgadas.
Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo