Alckmin adia reorganização em 2016 e propõe diálogo “escola por escola”

Por Marcelle Souza, do UOL

Geraldo Alckmin (PSDB), governador de São Paulo, anunciou o adiamento da reorganização escolar na tarde desta sexta-feira (4). O anúncio foi feito em coletiva para jornalistas no Palácio dos Bandeirantes, na capital paulista. 

"Alunos continuam nas escolas em que já estudam. Os debates serão feitos em 2016", disse. "Recebi e respeito a mensagem dos estudantes e seus familiares em relação à reorganização. Por isso decidimos adiar a reorganização e rediscuti-la escola por escola", acrescentou.

Anunciada no final de setembro, as medidas propunham escolas de ciclo único e encontraram forte resistência de professores e alunos – há cerca de 200 escolas ocupadas e estudantes fecharam as principais vias da capital durante esta semana.

Na tarde de ontem (3), o Ministério Público e a Defensoria Pública de São Paulo entraram com uma ação civil pública que pedia que a reorganização das escolas estaduais fosse interrompida e que a Secretaria de Educação organizasse uma agenda de discussões com a sociedade sobre as mudanças.

Na manhã de hoje, estudantes fecharam o cruzamento das avenidas Faria Lima com Rebouças e também da avenida Paulista com rua Consolação. Em ambos os protestos, a PM jogou bombas de efeito moral para desbloquear as vias.

Uma pesquisa do Datafolha apontou a queda de popularidade do governador de São Paulo, com os piores resultados de sua gestão. Apenas 48% aprovam seu mandato (contra 69%, em seu melhor momento). Por outro lado, 30% dos paulistas classificam seu governo como ruim ou péssimo.

O vice-governador, Márcio França (PSB), se declarou a favor de suspender a reorganização também na manhã de hoje.

Reorganização

A medida previa o fechamento de 92 escolas e reorganizava as restantes por ciclo único. Desse modo, estudantes do ensino fundamental ficam em unidades diferentes do ensino médio.

Na última terça, o governo do Estado de São Paulo publicou um decreto que permitia a transferência de servidores entre as unidades da reorganização — esse foi o primeiro passo legal para a implantação do programa.

Desde o anúncio da reorganização, alunos, pais e professores têm realizado protestos em vários pontos do Estado. Eles argumentam que o objetivo da reestruturação é cortar gastos e temem a superlotação das salas de aulas, além de alegarem a ausência de diálogo durante o processo.

Matéria publicada originalmente no portal Uol.

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