Por Aloha Boeck – The City Fix Brasil
Grandes mudanças nunca acontecem de maneira fácil. Projetos que alteram estruturas e rotinas conhecidas geralmente encontram resistências ao longo do caminho. Quem pretende, portanto, propor a renovação de um pensamento, deve buscar formas de comprovar os aspectos positivos de suas ideias.
A ação Paulista Aberta é um desses casos. Desde 2014, é demandada por uma rede formada por grupos e coletivos de São Paulo, encabeçada pelas organizações Minha Sampa e Sampapé, e sua proposta é liberar a Avenida Paulista aos domingos, restringindo o trânsito de veículos e abrindo espaço para pedestres e ciclistas. O primeiro teste da estratégia foi no dia 28 de junho de 2015, seguido de uma série de debates sobre a viabilidade da iniciativa e os possíveis prejuízos causados por ela.
Ao longo do período da consolidação do projeto, inúmeras pesquisas foram realizadas e ajudaram a desmistificar a negativa dos responsáveis pelo comércio, uma vez que os dados levantados por SampaPé e Minha Sampa revelaram que 50% dos comerciantes da avenida eram a favor da abertura a pedestres e ciclistas aos domingos e que apenas 25% eram contrários, e a oposição dos hospitais com a abertura, já que uma matéria da Carta Capital mostrou que era nula.
Mesmo com o sucesso da ação e o aumento da adesão da população, faltavam números sobre os reais impactos que a implantação causava, como na poluição sonora e do ar. E foi isso que a parceria entre a Faculdade de Medicina da USP e a ONG Cidade Ativa buscou avaliar.
As medições foram realizadas entre novembro e dezembro de 2015 e o estudo foi baseado na metodologia do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da USP (LPAE), que faz medições em campo com equipamentos que captam ruído e material particulado. Os dados, coletados durante um domingo de Paulista Aberta e uma sexta-feira comum, indicam que a medida não aumenta o ruído ou a poluição, uma das consequências sugeridas pelos contrários à ação. Mesmo com o desvio dos ônibus aos domingos para a Alameda Santos, um dos pontos de medição do estudo, os níveis de poluição do ar e sonora se mantiveram mais baixos nos dias de via aberta ao lazer.
Fonte: LPAE-USP e Cidade Ativa
Em relação à qualidade do ar, todos os pontos de coleta apresentaram redução dos níveis de poluentes no domingo quando comparados aos dias de semana. Apesar disso, a poluição segue acima do preconizado pela OMS e também do nível aceito pela CETESB.
Fonte: LPAE-USP e Cidade Ativa
A poluição sonora, por sua vez, também se manteve mais baixa no domingo, apesar das diversas manifestações culturais que ocorrem na via aberta.
Com os resultados, que mostram que a Paulista Aberta traz mais benefícios para a cidade, além de incentivar a ocupação de espaços públicos para lazer e esportes, há mais argumentos para que outras vias passem pelo mesmo processo. Basta entender o poder dessas mudanças.
Fonte: Cidade Ativa
Matéria publicada originalmente no portal The City Fix Brasil.