Dados fatiados divulgados pela gestão Alckmin já apontavam queda na capital. Roubos subiram 7,8% na Grande São Paulo; acesso a boletins de ocorrência foi alvo de polêmica após sigilo
O governo de São Paulo anunciou nesta quinta-feira (25) uma diminuição de 21,2% nos casos de homicídios dolosos (intencionais) registrados no Estado no mês de janeiro deste ano, em relação ao mesmo período de 2015.
Foram 373 ocorrências no primeiro mês do ano passado contra as 294 registradas em janeiro de 2016. Cada caso pode ter mais de uma vítima.
O número de vítimas de homicídios caiu 21,68%, de 392 para 307, também na comparação entre janeiro de 2015 com janeiro de 2016.
"Cada queda não é 0,1, 0,2. Cada queda são vidas", disse Alexandre de Moraes, secretário da Segurança Pública, que atribuiu a queda à ação da polícia. "É uma sequência de trabalho. Todos os meses do ano passado houve queda de homicídios. Há meses que há queda maior, há meses que não há queda."
CONTAS
Pelas contas do governo Geraldo Alckmin (PSDB), que calcula a taxa de homicídios pelo número de boletins de ocorrência, e não de vítimas, isso representa 8,48 mortes por 100 mil habitantes.
Os latrocínios no Estado caíram 18%: 27, contra 33 em janeiro do ano passado.
A Secretaria da Segurança já havia divulgado na terça (23) as estatísticas oficiais da capital paulista, que também mostraram redução dos casos de homicídios (40,2%).
Desde que assumiu a pasta, Alexandre de Moraes tem fatiado a divulgação das estatísticas mensais de violência, antes feita de uma só vez.
A prática, na qual costuma antecipar dados positivos, é alvo de críticas de especialistas no tema, já que, naquele momento, impede uma leitura completa dos dados.
GRANDE SÃO PAULO
Um dos únicos índices de violência a crescer, conforme a divulgação do governo, foram os roubos registrados na Grande São Paulo. Segundo os dados oficiais, eles subiram de 5.882 para 6.340 ocorrências —7,7% de aumento.
Nessa região, houve redução de 24,73% nos homicídios dolosos, taxa de 9,79 por 100 mil habitantes, de acordo com a secretaria. Foram 93 ocorrências em janeiro de 2015 e 70 no mesmo mês deste ano. No interior paulista, a queda foi de 9,29%.
SIGILO
As estatísticas da criminalidade são feitas com base nos registros de boletins de ocorrência em São Paulo.
Neste mês, a Secretaria da Segurança Pública chegou a decretar sigilo de 50 anos em dados pessoais de boletins de ocorrência.
A pasta dizia que visava preservar a intimidade de vítimas e testemunhas.
Diante da repercussão negativa e de questionamentos inclusive do TCE (Tribunal de Contas do Estado), Alckmin determinou a revogação do sigilo prévio desse e de outros documentos estaduais. A medida, no entanto, não garantiu acesso aos boletins de ocorrência —já que a análise será feita a cada caso.
Matéria publicada originamente na Folha de S. Paulo.
