Haddad cria área com velocidade de 30 km/h

Segundo Prefeitura, adoção da medida em ruas comerciais reduz mortes por atropelamento; é a primeira área 30 da cidade    

Por Fábio Leite e Rafael Italiani – O Estado de S. Paulo 

Após criar 12 áreas na capital com velocidade máxima de 40 km/h, a gestão Fernando Haddad (PT) implementou na segunda-feira, 11, a primeira "Área 30" de São Paulo, em um quadrilátero de 1,4 km² na Lapa de Baixo, na zona oeste da cidade. Agora, os motoristas que circularem pelo perímetro que fica entre um trecho da Marginal do Tietê, as Avenidas Ermano Marchetti e Santa Marina e a Linha 7-Rubi da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) terão de respeitar o limite de 30km/h. Nas vias principais, a velocidade não será reduzida.

Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), o objetivo da medida é "reduzir os riscos de acidentes, promovendo o compartilhamento seguro e harmonioso do espaço viário entre os diferentes modos de deslocamento dos cidadãos". A empresa municipal responsável pela gestão e fiscalização do trânsito na cidade afirma que a velocidade de 30 km/h faz com que o risco de morte caia à metade, em relação aos 40 km/h, em caso de atropelamentos.

Ainda de acordo com a CET, o trecho da Lapa de Baixo foi escolhido para receber a "Área 30" porque "concentra grande volume de pedestres, oriundos do transporte coletivo por ônibus e por trem". O perímetro é formado por ruas predominantemente residenciais de um lado e galpões industriais de outro. A região não inclui, por exemplo, a Rua 12 de Outubro, famoso centro de compras do bairro, e as áreas onde ficam o Mercado Municipal da Lapa, a Estação Lapa da CPTM e o Poupatempo. Nesse perímetro, o limite permanece em 40 km/h.

A CET afirma que as ruas que terão velocidade reduzida também estão no itinerário de ônibus e lotações municipais. Segundo a companhia, será feito um monitoramento do desempenho do trânsito na região com a mudança no limite de velocidade e os resultados obtidos serão avaliados para uma possível ampliação da medida. Até o momento, não há previsão de criação de outras "Áreas 30" na cidade.

Sinalização

A partir de agora, a região terá reforço na sinalização, com placas e banners alertando para o novo limite e para a fiscalização eletrônica de velocidade. A CET afirma ainda que a maioria das vias ali é classificada como "local" e, por determinação do Código de Trânsito Brasileiro, a velocidade máxima deve ser de 30 km/h. "Como a maioria dos motoristas não sabe em que tipo de via está transitando, a sinalização instalada será de grande valia para a utilização de uma velocidade compatível com o uso do solo e a grande circulação de pedestres", afirma a companhia.

O consultor de engenharia de tráfego Flamínio Fichmann explica que áreas com limite de velocidade de 30 km/h existem em outras cidades do mundo, como Londres e Paris, mas que a escolha do perímetro deve ser bem estudada e respaldada por números.

"Esse é um conceito importado que alguns países adotam para unificar o limite de velocidade em áreas estreitas, com grande concentração de pedestres e predominância de tráfego local. Estranho que a área com maior fluxo de pedestres, onde ficam o terminal de ônibus e a estação de trem, esteja fora desse perímetro", diz.

Morador da região atingida pela medida, o gerente de vendas Diogo Zazula, de 26 anos, aprovou a redução da velocidade para 30 km/h. "Na minha rua (Engenheiro Aubertin), o principal é que os ônibus e as lotações passam em alta velocidade.

Uma senhora já morreu atropelada aqui", disse. "Acho válida a mudança, porque as calçadas são estreitas e os carros passam em alta velocidade. Mas tem de fiscalizar", afirmou o chaveiro Valter Costa, de 24 anos, que trabalha na região.

A medida faz parte do Programa de Proteção à Vida (PPV), lançado por Haddad para diminuir o número de acidentes, reduzindo o limite de velocidade das vias, como nas Marginais do Pinheiros e do Tietê, e criando, até hoje, 12 áreas com velocidade máxima de 40 km/h, incluindo trechos de Santana, Brás, Bela Vista e Moema.]

Matéria publicada originalmente no jornal O Estado de S. Paulo.
 

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