O sistema Cantareira, que no pico da crise hídrica atendeu 5 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo, voltou a fornecer água para 7,4 milhões de habitantes ontem (14), segundo informações da Sabesp.
A volta das chuvas às regiões de captação, que vão desde Nazaré Paulista até parte de Minas Gerais, é o principal motivo para a produção de água ter subido novamente nos últimos meses.
Antes da crise hídrica, no início de 2014, o Cantareira fornecia água para uma população de 8,8 milhões de pessoas.
A vazão média produzida pelo Cantareira em abril é de 22,3 mil litros por segundo. Antes da crise hídrica, saiam do conjunto de represas em direção às torneiras 31 mil litros por segundo.
Por determinação dos órgãos reguladores, a Sabesp está autorizada a retirar, no máximo, 23 mil litros por segundo do Cantareira.
Considerado um dos maiores sistemas de abastecimento de água do planeta, a capacidade total das seis represas que formam o Cantareira é de 1,3 trilhão de litros.
Por volta de 23% (288 bilhões) fazem parte do chamado volume morto. Essa água está abaixo dos pontos de captação e precisaram ser bombeadas durante a crise para poderem ser usadas no abastecimento público.
A água acumulada nos fundos dos reservatórios foi um dos principais trunfos para que não ocorresse um colapso no abastecimento público da zona metropolitana.
Mesmo assim, por mais de 18 meses, milhares de pessoas tiveram problemas de falta de água. Algumas das pessoas atingidas pelo racionamento, que o governo Alckmin (PSDB) sempre negou, ficaram muitas horas do dia com torneiras secas.
Além do uso do volume morto, encerrado em dezembro, o governo do Estado e a Sabesp tiveram que acelerar obras que estavam há anos no planejamento da empresa, mas que não haviam ainda deixado o papel.
Parte delas teve como objetivo aumentar a interligação entre os vários sistemas de abastecimento de água que existem na região metropolitana de São Paulo.
Tanto o sistema Guarapiranga, que abastece a zona sul da capital e parte da Grande São Paulo, e o Alto Tietê foram usados pelo governo paulista para socorrer os clientes do Cantareira.
Estratégias como redução de pressão durante várias horas do dia, aplicação de multas para os esbanjadores e bônus na conta de água para os poupadores também tiveram resultados positivos.
O consumo de água na Grande São Paulo chegou a cair de 71 mil litros de água por segundo para 54 mil litros de água por segundo por causa da crise.
Matéria publicada originalmente na Folha de S. Paulo.