Quatro moradores de rua morrem em atual onda de frio em SP

Folha de S. Paulo

Ao menos quatro moradores de rua morreram nos últimos dias durante a onda de frio em São Paulo. Segundo o padre Julio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua, ligada à Igreja Católica, mais dois moradores de rua foram encontrados mortos na região de Santana, na zona norte da cidade.

Um dos corpos é de um homem que foi encontrado na rua Doutor Gabriel Piza, próximo ao metrô Santana, na última quinta-feira (9). O outro é de uma mulher que foi achado na avenida Cruzeiro do Sul, perto do Terminal Rodoviário do Tietê neste domingo (12). Eles ainda não foram identificados.

Os dois corpos foram achadas pela polícia e encaminhados para o IML (Instituto Médico Legal). O padre Julio Lancellotti lembra que não existe exame que consiga detectar a morte pelo frio e, por isso, o diagnóstico é de quadro de insuficiência respiratória aguda.

O padre Julio Lancellotti e o arcebispo de São Paulo, cardeal Odilo Pedro Scherer, manifestaram "tristeza e preocupação" com a morte dos moradores de rua. "Tudo leva a crer que a causa próxima da morte deles foi o frio", disseram, em nota conjunta.

FRIO

São Paulo registrou a menor temperatura em 22 anos, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), na madrugada desta segunda (13). A temperatura mínima foi de 5,5°C no Mirante de Santana, na zona norte da capital paulista, com registro de geada. Para o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), da prefeitura, a cidade registrou, em média, 3,6°C, a menor temperatura mínima do ano.

Nesta madrugada, a menor temperatura absoluta foi de 0°C, aferida às 3h em Capela do Socorro, na zona sul, de acordo com o CGE. É o novo recorde de menor mínima na cidade. Até então, a menor temperatura absoluta havia sido registrada no último dia 11 de junho, com 0,6°C, também em Capela do Socorro. Já a maior mínima foi de 6,4°C, registrada na Sé, região central, por volta das 5h. Já para o Inmet, órgão oficial, o recorde absoluto de temperatura mínima na capital paulista foi aferido no dia 2 de agosto de 1955 (-2,1°C).

OUTROS CASOS

A Secretaria da Segurança Púbica já havia registrado dois casos. Neste domingo (12), o morador de rua, Adilson Roberto Justino, morreu na calçada da avenida Paulista, região central. No dia 10 de junho, um homem de 55 anos que dormia sob um pedaço de papelão morreu em frente à estação Belém, na zona leste. Nesse dia, a capital teve a madrugada mais fria em junho em 22 anos.

De acordo com a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, mil vagas em centros de acolhida foram abertas pelo Plano de Contingência para Baixas Temperaturas, iniciado em 16 de maio. Além destas, há outras cerca de dez mil fixas.

O plano entra em operação sempre que a temperatura atingir um patamar igual ou inferior a 13º C ou sensação térmica equivalente. Há ainda a possibilidade de abertura de alojamentos de emergência se as vagas ofertadas forem insuficientes, o que não aconteceu até o presente momento. 

Matéria publicada na Folha de S. Paulo.
 

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