Centro de São Paulo seguirá com deficit de vagas para morador de rua

ARTUR RODRIGUES – FOLHA DE S. PAULO

As tendas temporárias anunciadas pela gestão Fernando Haddad (PT) para abrigar moradores de rua no inverno não serão suficientes para suprir o deficit de vagas na região da Sé, no centro, onde vive a maior parte dessa população em São Paulo.

Um dos principais motivos da rejeição aos albergues mesmo no frio é a falta de vagas de acolhimento no centro, onde os moradores de rua vivem e produzem sua renda.

Pressionado após a morte de ao menos cinco pessoas que dormiam nas ruas neste mês, Haddad resolveu criar mil vagas em tendas provisórias (as mesmas usadas na epidemia de dengue) e definir regras para evitar abusos na abordagem desses moradores (que se queixam do recolhimento de colchões e papelão usados para se aquecerem).

O último censo da população de rua, feito em 2015, apontava 6.302 pessoas desabrigadas ou vivendo em albergues na região da Sé.

Devido ao frio, a gestão Haddad criou 555 vagas temporárias (há 3.681 fixas) e decidiu colocar três das quatro tendas temporárias, com 250 vagas cada, nessa região.

Mesmo assim, as vagas na Sé se limitarão a 4.986. Ou seja, caso todos os moradores resolvam procurar unidades na área em uma situação de baixa temperatura, ainda ficariam faltando 1.316 leitos.

Quando não há baixas temperaturas, há ociosidade na rede municipal. No entanto, disparou a procura por vagas no mês de junho, quando os termômetros chegaram a baixar para perto de 0°C.

Próximas da Sé, as regiões da Mooca (zona leste) e da Lapa (zona oeste) também estão no topo do ranking de moradores de rua e apresentam deficit de vagas, mesmo contabilizando as temporárias.

Na Lapa, 220 vagas para uma população de 1.382. Na Mooca, incluindo as 250 vagas de uma tenda prometida pela prefeitura, haverá 3.534 leitos para um total de 3.634 moradores de rua.

Devido à falta de leitos nos bairros centrais, a prefeitura oferece aos moradores de rua vagas excedentes em regiões mais distantes da cidade. Nesse caso, os usuários que aceitam são levados aos locais por vans do município.

A prefeitura afirma que em nenhum dia foi registrado esgotamento das vagas e diz que não criou as tendas por falta de leitos, mas para aproximar os serviços das pessoas. "Após a abertura das tendas, caso exista uma procura maior, a rede poderá ter ampliada a oferta de vagas de acordo com a demanda", afirma.

A gestão Haddad diz ainda ter 141 veículos caso precise transportar moradores para abrigos de outras regiões.

Matéria publicada originalmente na Folha de S. Paulo.

 

Compartilhe este artigo