ESTÊVÃO BERTONI – FOLHA DE S. PAULO
Banheiros fechados, atrações com os portões trancados, horários de funcionamento reduzidos e ausência completa de seguranças.
Os parques municipais de São Paulo estiveram cheios, mas abriram para a população neste feriado de Sete de Setembro com a rotina alterada. Há meses, os serviços de limpeza e vigilância têm sido afetados nesses espaços de lazer, devido a revisões contratuais da gestão Fernando Haddad (PT) com empresas.
No parque da Luz, no centro da capital, uma placa afixada nas portas de um dos banheiros avisava: "Fechado para manutenção". Segundo quem trabalha ali, o correto seria: "Fechado por falta de mão de obra para a limpeza".
Um dos funcionários, que não quis se identificar, disse à reportagem que até dezembro do ano passado o local contava com 17 pessoas para cuidar da limpeza do parque.
O número foi caindo para 12, 7 e chegou a zero ao longo de agosto. Na semana passado, só quatro retornaram ao trabalho. Apenas um banheiro tem ficado aberto.
Um aquário está há cerca de três meses abandonado, com os portões trancados, segundo os frequentadores. "A água do lago está verde, sem tratamento e não dá pra ver os peixes. Antes, era azulzinha. Até quando vai ficar assim?", questiona Cícero José da Silva, 46, que diz visitar o parque desde os anos 90.
O número de seguranças foi reduzido de oito para quatro, segundo funcionários, o que tem preocupado os visitantes. "Vi três vigias, mas acho pouco. Tenho medo de ficar com o celular na mão e olho sempre quem se aproxima", conta o cirurgião dentista Alexandre Sato, 24, enquanto joga "Pokémon Go".
Ele diz que costuma frequentar o parque da Aclimação, também na região central, e que lá não sente tanto medo. A reportagem visitou o local nesta quarta e constatou a ausência de vigilância.
Por não ter mais com segurança privada desde agosto, carros da guarda civil costumam passar pelo local, o que ainda gera a sensação de segurança. "É a primeira vez que venho, mas achei tranquilo por causa da viatura que acabou de passar", afirma Paulo Renato Lima da Silva, 29, supervisor de montagem.
Funcionários dizem, porém, que a guarda aparece apenas duas vezes por dia, permanece no local por cerca de 40 minutos, faz uma pequena ronda e vai embora.
No parque da Aclimação, eram seis seguranças. Não sobrou nenhum. A equipe de limpeza também diminuiu: de dez, caiu para a metade.
HORÁRIO REDUZIDO
A falta de segurança também atinge parques como o Buenos Aires, em Higienópolis, no centro de São Paulo.
A dona de casa Maria de Lourdes Marques, 61, diz não se sentir insegura sozinha, mas teme quando vai ao local com crianças e afirma evitar áreas mais isoladas do parque. "Aqui só vem moradores, não tem tanto perigo."
O horário de fechamento mudou das 22h para as 19h. "Alguns moradores estão resistindo, mas sem segurança não dá", diz um funcionário que não quis se identificar.
Segundo a prefeitura, os contratos dos parques estão sendo "reestruturados" para atender "às necessidades específicas de cada local".
"A Secretaria do Verde e Meio Ambiente negocia com as empresas e atua para normalizar os serviços o mais breve possível. A guarda civil atua em todos os parques e possui bases fixas em alguns", afirma a prefeitura.
Matéria publicada na Folha de S. Paulo.