Propostas para reduzir a desigualdade interna na cidade – que, apesar de leve melhora, ainda é a base dos nossos mais graves problemas – não ganharam a preocupação dos candidatos.
Por Oded Grajew, coordenador geral da Rede Nossa São Paulo e do Programa Cidades Sustentáveis
A exatos 15 dias das eleições municipais, os candidatos à Prefeitura de São Paulo ainda não perceberam que a população demanda soluções concretas e viáveis para a solução dos problemas da cidade. As questões que esbarram na política nacional dominaram o primeiro bloco e voltaram a cada brecha, o que revela a inversão total das prioridades.
Propostas para reduzir a desigualdade interna na cidade – que, apesar de leve melhora, ainda é a base dos nossos mais graves problemas – não ganharam a preocupação dos candidatos. Os números aparecem nas perguntas e nas respostas dos candidatos, mas de forma descontextualizada do orçamento e dos instrumentos legais (Plano Diretor Estratégico, Plano de Metas, etc.) e descolada de uma perspectiva de metas claras, de resultados. A demanda por vagas em creche (incluindo a assistência em tempo integral), por exemplo, é citada como prioridade de forma unânime, mas não há qualquer menção à qualidade do ensino que se pretende oferecer às crianças, nem de como o Plano Municipal de Educação, de 2015, pode sair do papel.
Em relação à mobilidade, medidas de proteção à vida como a redução da velocidade, que roubaram a cena nesta campanha, inacreditavelmente desapareceram do debate. Marca da atual gestão, os limites de velocidade máxima têm sido usados pela oposição de forma irracional e até irresponsável na tentativa de destruir conquistas importantes. Por outro lado, importante mencionar que apenas o candidato Russomanno destacou a necessidade de enfrentamento da principal questão relativa à mobilidade: replanejar a cidade e, como primeira providência, redistribuir serviços, moradia e emprego para evitar os grandes deslocamentos.
A pauta do meio ambiente também foi completamente ignorada no debate a que assistimos ontem. Importância das áreas verdes, renovação da frota e substituição do combustível para melhoria inadiável do ar e preservação da vida (a poluição mata até 4 mil pessoas todos os anos e reduz a expectativa de vida na cidade em um ano e meio!!), não estão no radar dos candidatos, definitivamente.
Artigo originalmente publicado no jornal O Estado de S. Paulo