O prefeito eleito de SP quer executivo do mercado para comandar estrutura de concessões e privatizações
THAIS BILENKY, DANIELA LIMA E MARIO CESAR CARVALHO – FOLHA DE S. PAULO
João Doria (PSDB), prefeito eleito de SP, criará duas pastas, uma voltada a PPPs (parcerias público-privadas) e outra dedicada à digitalização de serviços públicos e à ampliação do acesso à internet. Essa segunda terá o comando do vereador eleito Daniel Annenberg (PSDB).
A primeira pasta deverá ser comandada por um nome do mercado da confiança do tucano. Uma das opções é que seja estruturada como agência ou empresa municipal.
O tema é caro ao prefeito eleito, que, na campanha, teve entre as principais e mais polêmicas propostas a privatização de equipamentos como o Anhembi e o autódromo de Interlagos, além de PPPs para a administração de mercados, terminais de ônibus e parques públicos.
O então candidato também falou em conceder o Pacaembu, cemitérios e parques municipais à iniciativa privada.
Na campanha, Doria apelidou de Cidade Digital sua proposta de criar Poupatempos em diferentes bairros. Antes, nas prévias do PSDB, em novembro, Doria e Annenberg disseram que a proposta era criar um cadastro unificado do cidadão com informação de diversos órgãos públicos.
Na reta final da eleição, Doria afirmou que o programa Cidade Digital levaria wi-fi a "todas as praças e parques da cidade, a estações de metrô e de trem", além de escolas, paradas de ônibus e veículos.
A assessoria do tucano confirmou que as "linhas gerais" são as estipuladas em seu programa de governo.
Apesar disso, a ideia do prefeito eleito ainda é reduzir o total de secretarias, das atuais 27, sob Fernando Haddad (PT), para cerca de 20.
NOMEAÇÕES
Annenberg, que implantou o Poupatempo do Estado e dirigiu o Detran paulista, é muito ligado a Julio Semeghini, coordenador-geral da campanha de Doria e, agora, chefe da transição. O próprio Semeghini é visto como nome certo no secretariado.
Inicialmente, aliados do prefeito eleito especularam que ele poderia ser designado para a Secretaria de Governo, órgão encarregado das negociações com a Câmara Municipal de São Paulo.
Agora, entretanto, começa a surgir entre quadros que apoiam o prefeito eleito a tese de que Semeghini, por ser do interior do Estado e não ter tradição na negociação com os vereadores, poderia ser "melhor aproveitado em outra função".
Uma opção seria a Secretaria de Planejamento, repetindo cargo que ocupou durante a gestão anterior do governador Geraldo Alckmin.
Nesse caso, uma ideia aventada é a escolha de Mário Covas Neto, o Zuzinha, que é vereador e presidente municipal do PSDB, para a Secretaria de Governo.
O problema é que o próprio Zuzinha já deixou claro que gostaria de concorrer à presidência da Câmara. Se abdicasse do Legislativo por uma secretaria, Zuzinha abriria espaço para que o prefeito eleito negociasse o comando da Casa a um outro nome de sua base aliada, entre 2017 e 2019.
As negociações com outros partidos que apoiaram Doria na campanha estão em curso. O PP ventila o nome de Frederico D'Ávila, que foi assessor de Alckmin e acabou não nomeado em seu governo após a legenda anunciar adesão ao PSDB na eleição.
O DEM pode ficar com a Habitação, pasta que ocupa na esfera estadual.
Matéria publicada na Folha de S. Paulo.