Raio X da futura Câmara Municipal de São Paulo

Análise sobre os resultados da eleição para vereadores da cidade e a nova composição da Casa para o período 2017 – 2020

Por Américo Sampaio – pesquisador da Rede Nossa São Paulo 

Logo após a divulgação dos resultados da eleição para vereadores da capital paulistana, a Rede Nossa São Paulo buscou as informações disponibilizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e elaborou este estudo sintético, para que os cidadãos possam conhecer o perfil da futura Câmara Municipal de São Paulo. 

O estudo analisou os dados dos 55 vereadores eleitos para o período 2017 – 2020 do Legislativo Municipal e que têm como responsabilidades: representar a população, produzir leis e fiscalizar o Poder Executivo.

Confira as conclusões do estudo:

Renovação dentro da média histórica

Com a eleição de 22 novos vereadores – que não estão entre os 55 parlamentares atuais da Casa –, a renovação da Câmara Municipal foi de 40%. O índice está dentro da média histórica das últimas eleições, que resultaram em alterações de cerca de 20 vereadores. Em 2012, por exemplo, a taxa de renovação (novos eleitos) também foi de 40%.

População negra subrepresentada 

A futura Câmara Municipal continuará sendo majoritariamente branca – 43 parlamentares eleitos (78%) se autodeclararam brancos e dois (3,5%) se definiram como amarelos. Outros oito vereadores (15%) disseram ser pardos e dois afirmaram ser pretos, representando apenas 3,5% do Legislativo Municipal. O percentual de pretos e pardos na cidade de São Paulo, segundo o IBGE, é de 37% (mais de 4 milhões de pessoas).

Mulheres serão 20% da Casa   

Houve um avanço considerável no número de mulheres eleitas. A próxima Legislatura contará com 11 vereadoras, o que representa um aumento de mais de 100%, considerando que atualmente há apenas cinco parlamentares mulheres. Em relação ao número total de vereadores (55), a partir de 2017, as mulheres representarão 20% da Casa.

Redução na faixa etária 

20% dos parlamentares eleitos nesse pleito (11 vereadores) têm menos de 40 anos, o que significa uma mudança, tendo em vista que atualmente apenas quatro vereadores estão nesta faixa etária.

Eleitos arrecadaram R$ 19 milhões na campanha

Juntas, as campanhas eleitorais dos 55 vereadores que venceram o pleito deste ano arrecadaram R$ 19 milhões, sendo que aproximadamente 70% desse valor (R$ 13 milhões) foram para candidatos reeleitos. 

Dividindo-se o total arrecadado (R$ 19 milhões) pelos 55 eleitos, a média ficou em torno de R$ 345 mil por parlamentar, valor bem abaixo dos R$ 3,2 milhões que os candidatos à vereança em São Paulo tinham como teto para suas campanhas. 

Entretanto, o valor das campanhas na capital paulista foi bastante desproporcional. A campanha mais cara – dentre os 55 eleitos – foi a do já vereador Milton Leite (DEM), que arrecadou R$ 2,3 milhões. Eduardo Tuma (PSDB) e Rodrigo Goulart (PSD), ambos com R$ 1 milhão cada, também estão no grupo dos que mais arrecadaram.

Já a campanha vencedora mais barata foi a do novato Camilo Cristófaro (PSB), com apenas R$ 30 mil reais arrecadados. 

A campanha mais cara, de Milton Leite (DEM), superou em 77 vezes a mais barata, de Camilo Cristófaro (PSB).

Comparando-se o valor arrecadado pelas bancadas eleitas, as quatro campanhas mais caras foram: bancada do PSDB – R$ 4,6 milhões; bancada do DEM – R$ 3,4 milhões; bancada do PSD – R$ 2,4 milhões; e bancada do PT – R$ 2,3 milhões. 

55% dos votos válidos foram para candidatos que não se elegeram

Na soma geral, os 55 vereadores eleitos receberam 2,4 milhões de votos (45% dos votos válidos). O mais votado de 2016 – e de toda a história de São Paulo – foi o candidato Eduardo Suplicy (PT), com mais de 300 mil votos. Em seguida, aparecem Milton Leite (DEM) e Tripoli (PV), com algo em torno de 100 mil votos cada um.

Já na outra ponta, quem teve o menor número de votos foi a vereadora Sâmia Bomfim (PSOL), com pouco mais de 12 mil.

Outros 2,9 milhões de votos dos paulistanos foram dados a candidatos que não conseguiram se eleger (55% dos votos válidos).  

Votos por bancada 

As maiores bancadas da Câmara Municipal continuam sendo as do PSDB e PT. Contudo, houve uma inversão na representatividade partidária. O Partido dos Trabalhadores caiu de 11 parlamentares, eleitos em 2012, para nove, em 2016. Enquanto os tucanos fizeram o caminho inverso, pularam de nove, na eleição anterior, para 11 vereadores, agora.

Outros 10 partidos elegeram bancadas que variam de dois a quatro vereadores e seis legendas conquistaram apenas uma cadeira. 

Na relação das bancadas mais votadas estão a do PT, com 564 mil votos, e a do PSDB, com 459 mil votos. Em seguida vem: a bancada a do DEM, com 215 mil votos; a do PRB, com 161 mil votos; a do PSD, com 155 mil votos; e a do PR, com 145 mil votos.

Mais arrecadação, mais votos

Por bancada partidária, as campanhas que mais arrecadaram foram também as mais bem sucedidas. Juntos, os vereadores eleitos do PSDB, DEM, PSD e PT arrecadaram R$ 12,7 milhões, o que representa 65% do valor total arrecadado pelos 55 vitoriosos nas urnas. Estas quatro siglas e as do PR e PRB, que também estão no grupo de maior arrecadação na campanha, são as maiores bancadas da Câmara, com pelo menos quatro parlamentares cada.

O patrimônio dos eleitos 

De acordo com as informações à justiça eleitoral, o total dos bens dos candidatos eleitos chega a quase R$ 67 milhões. O status de milionário (ter R$ 1 milhão ou mais em bens declarados) pode ser atribuído a 22 deles (40% da Casa). O maior patrimônio é de Adilson Amadeu (PTB), com R$ 8,5 milhões em bens declarados. Já a menor declaração é da novata Janaina Lima (NOVO), de apenas R$ 26 mil. Os eleitos Fernando Holiday (DEM), André Santos (PRB) e Sâmia Bomfim (PSOL) não têm bens declarados.

A bancada eleita do PSDB é a mais rica, com patrimônio declarado por seus parlamentares de quase R$ 12 milhões. A bancada do PT vem logo atrás, com patrimônio declarado de praticamente R$ 10 milhões. Na sequência, estão as bancadas do DEM e PR, com R$ 6 milhões e R$ 5 milhões respectivamente, a do PSD, com quase R$ 4 milhões, e a do PRB, com R$ 2,7 milhões.

Religião e segurança

Os paulistanos aumentaram em 75% o número de representantes evangélicos na Câmara Municipal – a bancada evangélica passou de oito para 14 parlamentares. Por outro lado, a bancada da segurança – também apelidada de "bancada da bala" – diminuiu, passando de três representantes para apenas um, o ex-PM da Rota Conte Lopes (PP).

Leia também: Os 55 vereadores eleitos em SP

 

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