Prefeito eleito de SP, João Doria (PSDB) convidou o empresário do ramo imobiliário Claudio Bernardes para comandar a Secretaria Municipal de Habitação. Ele ainda não informou se assumirá o posto na gestão, que promete ser mais "rigorosa" com movimentos de moradia.
Bernardes foi presidente do Secovi-SP, sindicato do mercado imobiliário, entre 2012 e 2015 e hoje é presidente do conselho consultivo da entidade. À frente da incorporadora Ingaí e colunista da Folha, o empresário defende propostas como locação acessível e melhorias em favelas.
Eleito, Doria afirmou que não terá "a condescendência que houve" com grupos como o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), cujo líder, Guilherme Boulos, tem bom trânsito na gestão Fernando Haddad (PT).
O tucano prometeu ainda tirar moradores de áreas de mananciais, especialmente nos entornos das represas Billings e Guarapiranga, na zona sul, ocupadas irregularmente em número crescente.
Como contrapartida, Doria afirmou que ampliará unidades de habitação popular e aderirá ao programa do governo estadual Casa Paulista, que prevê, entre outras iniciativas, PPPs (parcerias público-privadas) na área.
São Paulo no mundo
Outro nome apontado como provável no alto escalão de Doria é o de Julio Serson, amigo do prefeito eleito e dono da rede de hotéis Vila Rica. Ele deve assumir a Secretaria de Relações Internacionais.
O tucano disse a auxiliares que quer projetar internacionalmente a cidade e acelerar a captação de investimento estrangeiro, além de estreitar a relação com outros entes federativos nacionais.
Serson, que já morou nos EUA, é amigo próximo de Doria e se tornou espécie de braço direito durante a campanha e, agora na transição, especialmente nas questões de arrecadação e finanças.
Atual secretária da Fazenda de Goiás, Ana Carla Abrão é tida como certa para a pasta de Finanças. Se confirmados Bernardes e Serson, Doria apresentará uma equipe de secretários egressos do mercado, conforme anunciou ser a sua intenção.
Já o tucano Jorge Damião, diretor de relações institucionais da TV Cultura, deve assumir a Secretaria de Esportes, Lazer e Recreação, como informou a coluna "Painel", da Folha, nesta sexta (21).
Membro do núcleo duro da transição, Damião teve papel importante na campanha, cuidando do relacionamento com candidatos a vereador da coligação de 13 partidos.
Os últimos estudos da equipe de Doria mostram a redução do número de secretarias das atuais 27 para 22. Ao longo da campanha, Doria prometeu extinguir sete pastas.
Segundo interlocutores, no momento o prefeito eleito se ocupa da definição dos nomes para as prefeituras regionais, as atuais subprefeituras.
Estruturas tradicionalmente cobiçadas por vereadores, Doria reitera que ouvirá as indicações, mas não fará partilha de cargos em troca de apoio na Câmara Municipal.
Vereadores eleitos, contudo, já fazem suas movimentações para emplacar aliados.
Eleito com apoio da Assembleia de Deus, João Jorge (PSDB) tem recolhido cartas de recomendação de comerciantes e líderes locais para que um diretor de centro espírita assuma a estrutura do que hoje é a subprefeitura de Aricanduva, Formosa e Carrão, na zona leste da cidade.
Para um auxiliar, Doria não abrirá mão do controle nem mesmo nos detalhes. "Ele vai, no bom sentido, atropelar. Ligar para o segundo e terceiro escalão com cobranças", previu. Seu vice, Bruno Covas, assumirá a Secretaria de Coordenação das Subprefeituras.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo
Infográfico: jornal Folha de S. Paulo