POR FABRÍCIO LOBEL – FOLHA DE S. PAULO
O prefeito eleito João Doria (PSDB) traçou um plano de combate a enchentes que tem como principal aposta a construção de 21 piscinões e pôlderes (diques com bombas de drenagem). A maioria deles em áreas centrais da cidade.
A lista de futuros reservatórios mapeados pela equipe do tucano para reter a água das chuvas inclui 13 locais dentro do centro expandido, dois nos limites dessa região e seis em bairros periféricos.
Entre os lugares previstos estão Moema (sul), Sumaré (oeste) e av. Brasil (oeste).
Alvo de sucessivos projetos que não saíram do papel nas gestões Marta Suplicy (então no PT), Gilberto Kassab (então no DEM) e Haddad (PT), a região do vale do Anhangabaú (centro), também entrou nas prioridades de Doria.
O tucano promete concluir a construção de piscinões de Haddad, que visam elevar em 50% a capacidade de reservação na cidade. De 26 piscinões anunciados pelo petista (24 fora do centro expandido), dois foram entregues. O resto está em licitação ou obras.
Na campanha, Doria criticou os poucos piscinões entregues e prometeu parcerias com a gestão Alckmin (PSDB).
Os reservatórios são eficientes para a retenção de água, mas há preocupações urbanísticas como a constante necessidade de limpeza e a perda de espaços públicos.
O arquiteto Kazuo Nakano, professor da FGV, avalia que a futura gestão deveria evitar concentrar recursos nas áreas centrais da cidade, já que a periferia ainda tem lugares com frequentes inundações.
"A necessidade das obras [propostas por Doria] é indiscutível. Mas tem que estar articulada com um plano amplo de drenagem", afirma. "Deve-se tomar o cuidado para não privilegiar o privilegiado", diz.
Segundo ele, uma área da periferia que mereceria atenção de drenagem é a bacia do córrego Jacu, na zona leste.
Para o consultor em drenagem Aluísio Canholi, desde que sejam mantidas as obras já iniciadas, os piscinões centrais não significam que só essa área será beneficiada.
"O túnel do Anhangabaú, por exemplo, quando fecha em dias de chuva, interrompe a ligação norte-sul. A periferia também é penalizada com a falta de mobilidade."
GALERIAS E CÓRREGOS
Hoje a cidade tem 19 áreas com piscinões –cada um desses lugares pode ter mais de um reservatório. Pelo plano de novas obras de Doria, mais 11 áreas seriam contempladas (sete delas no centro expandido da cidade).
A maioria dos piscinões desejados pelo tucano já foi projetada pela prefeitura, o que deve agilizar os processos.
Outra promessa de Doria é zelar pela manutenção e limpeza da rede de galerias pluviais e revitalizar córregos.
Entre as obras de drenagem previstas por Doria fora do centro expandido estão quatro piscinões em Pirituba, na zona norte, um na Vila Nova das Belezas, na zona sul, e outro na avenida Tiquatira, na zona leste.
A gestão Doria anunciará nesta quarta-feira (16) o grupo de trabalho de combate a enchentes. O objetivo é conectar entidades da prefeitura e do governo do Estado que influenciam na gestão da cidade em dias de chuva.
Matéria publicada na Folha de S. Paulo.