ARTUR RODRIGUES E PAULO SALDAÑA – FOLHA DE S. PAULO
O futuro secretário de Educação da cidade de São Paulo, Alexandre Schneider, evitou se comprometer com a promessa de campanha do prefeito eleito João Doria (PSDB) de zerar a fila por vagas em creches em um ano. Schneider e outros cinco secretários foram apresentados oficialmente nesta quinta-feira (24).
"A gente vai gerar o maior número de vagas possível naquilo que o orçamento permitir", disse. "Se puder ser em um ano, vou fazer. Se for em dois, faremos", completou, ao ser questionado se o prazo é realista.
Durante toda a campanha Doria se comprometido em zerar a fila de creche em São Paulo em um ano. No debate da Rede Globo, Doria se comprometeu: "No prazo máximo de um ano, zerar o déficit das 103 mil crianças fora de creches". Um dia após sua eleição em primeiro turno, Doria insistiu: "Acredito que em um prazo de um ano será possível zerar o deficit, utilizando as OSs [ organizações sociais] conveniadas".
Em setembro, havia 133 mil crianças de 0 a 3 anos na espera por vaga em creche. Para incluir todas essas crianças em 2017, como diz a promessa de campanha, a gestão tucana terá que abrir, em média, 2,6 creches por dia. A assessoria de imprensa do prefeito eleito informou que ele não comentaria as declarações de Schneider.
Schneider reafirmou que vai apostar na ampliação de vagas por meio de convênios com organizações sociais, em vez de construir creches. Essa é a mesma estratégia já adotada pelo prefeito Fernando Haddad (PT) e repetida por Doria na campanha.
O futuro secretário também ressaltou que uma nova agência irá fiscalizar a qualidade no atendimento das crianças. "Vamos ter a maior transparência possível, a diretriz é transparência total", disse ele. Schneider, que foi secretário de Educação do prefeito Gilberto Kassab (PSD), foi a segunda opção de Doria para a pasta. O educador Mozart Neves Ramos, do Instituto Ayrton Senna, foi o primeiro convidado, mas recusou.
Mozart, no entanto, será o presidente do chamado Conselho de Gestão da pasta da Educação. Doria anunciou a criação de um conselho de gestão para cada secretaria. "Mozart vai trabalhar com a gente nos 4 anos", disse Schneider.
ENTREVISTA
Na coletiva de apresentação dos novos secretários, Doria se recusou a responder ao menos quatro perguntas de jornalistas. Segundo ele, "a regra" era que a maioria das peguentas deveriam ser obrigatoriamente destinadas para os novos secretários.
Entre as questões que ele deixou de responder, se os novos conselhos de gestão não esvaziaria órgãos já existentes, como o Conselho Municipal de Habitação. Doria também não respondeu questões sobre as negociações da gestão com a Câmara e se o fato de ter cinco vereadores eleitos no secretariado pode resultar em loteamento de cargo com critérios políticos.
Matéria publicada na Folha de S. Paulo.