Prefeito concedeu primeira entrevista coletiva no cargo e anunciou medidas de austeridade, como corte de gastos, e chamada de pacientes que estão na fila de exames médicos
Bruno Ribeiro, O Estado de S. Paulo
Em sua primeira entrevista coletiva como prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB) reafirmou medidas de austeridade, como corte de gastos, disse que vai chamar metade dos 550 mil pacientes na fila de exames médicos para nova avaliação e anunciou que transformará agências bancárias vazias em creches, para abrir ainda neste ano 66 mil vagas para crianças de zero a três anos.
Para calcular a necessidade de vagas de ensino infantil, Doria usou o tamanho da fila de dezembro, quando a demanda é tradicionalmente menor. Em setembro passado, por exemplo, essa fila era de 130 mil vagas. "Em relação a essa diferença, os dados são das Prefeituras, são da Secretaria da Educação", disse Doria. Ele afirmou que fará uma reserva de R$ 230 milhões no orçamento para viabilizar a abertura dessas vagas e que a maioria delas está na zona sul. Os detalhes para a reforma dos prédios de agências bancárias, geralmente sem janelas nem banheiros infantis, em creches, não foram apresentados.
"O programa começa a ser implementado com ajuda das Organizações Sociais (OS). Acreditamos que esse seja um bom formato. E convidamos algumas instituições financeiras, do setor privado, e também instituições federais, a colaborarem com a cidade. Por que instituições financeiras? Não é para que ofereçam dinheiro, é espaço físico. Todas as instituições financeiras do País estão se desmobilizando. Isso é fato, vocês acompanham isso. Os bancos estão abrindo mão de suas agências. Pedimos a essas instituições que destinem alguns desses imóveis para a implantação de creches", disse Doria.
"O foco inicial do secretário Alexandre Schneider (Educação) é atender essas 66 mil vagas concretas, confirmadas, com endereço. Ele já definiu um programa", complementou o secretário de Governo, Julio Semeghini. "Esses espaços começam a ser usados imediatamente, à medida que sejam disponibilizados."
Exames
Ao tratar da área da Saúde, a equipe do prefeito reduziu o peso dado durante a campanha para a parceria com entidades médicas privadas para o programa Corujão da Saúde, que pretende utilizar a rede privada durante a madrugada, em horários ociosos, para zerar a fila por exames médicos.
"A fila é de 550 mil exames. Para vocês terem ideia, a Prefeitura realiza 43 milhões de exames por ano", disse o secretário de Saúde, Wilson Pollara. O secretário disse que a primeira medida da equipe será a gestão da fila. "Mais da metade das pessoas que estão na fila esperam por exame há mais de seis meses. Na rede privada, um exame tem validade de 30 dias", afirmou, ao dizer que iria reencaminhar essas pessoas há mais tempo na fila para nova consulta. Pollara disse ainda que apenas os hospitais privados que já fazem filantropia e atendem pacientes do SUS seriam capazes de dar conta da demanda.
"A própria unidade que solicitou o exame vai receber a informação e vai solicitar uma nova consulta ao paciente", afirmou o secretário. O secretário também não deu informações sobre reforços nas equipes de exames, para evitar que a ação não se transformasse apenas em uma troca de filas por exames para fila de consultas. "Quem está de 30 dias a seis meses é que vai entrar realmente no Corujão", disse.
Calçadas
Doria também anúncio mais um mutirão que seu governo quer organizar. Vai se chamar "Calçada Livre" e consiste em organizar a população para organizar reformas de passeios públicos. Uma primeira ação será feita no Itaim Paulista, extremo leste, neste fim de semana.
O prefeito ainda reafirmou promessas de austeridade assumidas durante a transição, com destaque para o corte de 15% no valor dos contratos firmados com fornecedores da Prefeitura. Doria, no entanto, ainda não soube estimar quanto será a economia gerada com a medida. Ele anunciou ainda que o total de cargos comissionados na Prefeitura a serem cortados deve chegar a 3 mil.
Matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo.