Doria revê promessa de encerrar 2017 sem crianças na fila de creches de SP

ARTUR RODRIGUES – FOLHA DE S. PAULO

Na estreia como prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB) anunciou uma mudança na principal promessa de campanha para a educação. O compromisso eleitoral de encerrar 2017 sem nenhuma criança de zero a três anos na fila de creches foi substituído pela meta numérica de 66 mil novas matrículas até dezembro.

O novo compromisso tem como base o total de crianças neste momento na fila de espera. Nas eleições, porém, o compromisso não citava números e se comprometia a chegar a 31 de dezembro sem ninguém na fila da espera, independentemente do número de interessados nas vagas.

Agora, como a fila por creches oscila ao longo de todo o ano, qualquer demanda acima dessas 66 mil crianças estará fora da nova promessa.

Segundo a prefeitura, houve uma "requalificação" do compromisso anterior, após a indicação de Alexandre Schneider para a Secretaria da Educação de Doria.

Assim que indicado para o cargo, o novo secretário já havia sinalizado a impossibilidade de zerar completamente a fila no prazo de um ano.

No mês de dezembro, quando foi registrada a espera de 66 mil pessoas, tradicionalmente a fila menor. É nesse período que muitas crianças são transferidas para as Emeis (para crianças de 4 e 5 anos).

A fila em setembro do ano passado, por exemplo, chegava a 133 mil crianças.

No entanto, a prefeitura argumenta que o mês ideal para medir o deficit é dezembro, quando restaria apenas a demanda que a prefeitura não conseguiu absorver no ano.

Em 4 anos, Fernando Haddad (PT) criou 106 mil vagas de educação infantil. Apesar de expressivo, o número ficou abaixo da meta de 150 mil.

"Ele [Doria] vai precisar abrir novas vagas além dessas que ele prometeu [para zerar o deficit]", disse Rubens Naves, do Grupo Interinstitucional sobre Educação Infantil de São Paulo. Para ele, porém, a meta de Doria é "um número extremamente importante", que deveria ser oficializado junto ao comitê do Tribunal de Justiça de SP que acompanha o assunto.

Naves afirma que os dados que baseiam a meta não são confiáveis, por não contabilizarem pais que desistem devido à falta de expectativas de conseguir uma vaga. Por isso, é preciso fazer uma "busca ativa" nas comunidades para dimensionar o tamanho real do problema.

Na periferia, é comum mulheres largarem o trabalho para cuidar dos filhos. Outras gastam parte do salário para pagar creches clandestinas.

Para ampliar as vagas, Doria quer transformar agências bancárias desocupadas em creches. A Febraban (federação bancos) diz que Doria tem conversado sobre o assunto, mas ainda não há nada oficial. Hoje, creches em imóvel da prefeitura já são minoria (18%). As demais são geridas por entidades terceirizadas.

Matéria publicada na Folha de S. Paulo.

 

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