Folha de S. Paulo
A gestão João Doria (PSDB) realizou na manhã desta quinta-feira (12) uma "ação emergencial" para acabar com a infestação do cúlex (pernilongos) no rio Pinheiros, na zona oeste de São Paulo.
A ação acontece depois de várias reclamações de moradores do entorno do rio Pinheiros, que passaram a conviver com o zzzz do pernilongo todas as noites desde o início do verão. Para quem convive com os mosquitos, sua quantidade neste ano é "atípica", "excepcional" e "assustadora".
Em números: o cientista político Bolívar Lamounier, 73, morador do Alto de Pinheiros, diz que um dos aparelhos que comprou para combater os bichos pega uns 50 por noite; a analista de sistemas Rosemeire Ponzeto, 41, que vive no 15º andar de um prédio na Vila Leopoldina, afirma aniquilar 20 em meia hora.
"Vivo aqui há 17 anos. Sempre teve muito pernilongo, mas como nesse ano, nunca vi", diz Lamounier. A crise lhe fez buscar "todos os métodos possíveis": tochas de citronela no quintal, repelente espiral na sala e "a velha raquete elétrica" -aquela que, para alguns, faz um barulho prazeroso quando mata os mosquitos. Fora isso, o cientista social comprou cinco luminárias com cara de sapo que atraem os pernilongos com sua luz e os mata em seu interior.
A força-tarefa reuniu cerca de 80 agentes de saúde e 11 agentes das Prefeituras Regionais. Por volta das 7h, os agentes começaram a aplicar larvicida para acabar com criadouros e inseticida na vegetação das margens para controlar os insetos adultos. A prefeitura diz ter identificado no rio "uma quantidade de larvas acima do normal".
O larvicida biológico granulado foi aplicado na margem superior leste do rio Pinheiros, no sentido Guarapiranga, partindo da Usina Elevatória de Traição. Já para controle de insetos adultos houve aplicação de inseticida na vegetação marginal de talude na margem superior oeste, no sentido Guarapiranga. Os agentes das Prefeituras Regionais também realizaram a limpeza do entorno.
A ação é necessária e dará resultado em aproximadamente 15 dias, avalia o parasitologista Paulo Ribolla, professor da Unesp. É o período desde que as fêmeas colocam ovos até adultos emergirem procurando sangue. O larvicida, diz, deve ser aplicado todos os meses no verão.
PULVERIZAÇÃO
O prefeito regional de Pinheiros da gestão João Doria (PSDB), Paulo Mathias, 26, diz que "há muitos anos" não era feita a pulverização do rio Pinheiros. "Estava realmente abandonado, por isso o crescimento de mosquitos", diz.
Já a assessoria da gestão anterior, de Fernando Haddad (PT), diz que a pulverização foi feita todos os anos, "mesmo quando não tinha poda". A poda a que se referem é a das margens dos rios Pinheiros e Tietê que, segundo a gestão municipal passada, não era feita pelo governo do Estado, impedindo que o produto, retido nas plantas, chegasse ao criadouro do mosquito.
A Empresa Metropolitana de Águas e Energia, vinculada ao governo do Estado, diz que a margem do Pinheiros é limpa de três em três meses – no verão, de dois em dois.
MULTAS
A gestão tucana informou ainda que agentes da (Superintendência de Controle de Endemias), do governo estadual, irão reforçar a ação do município realizando visitas domiciliares em busca de criadouros do cúlex e do Aedes aegypti nos bairros da Lapa, Butantã, Cidade Ademar, Santo Amaro e Capela do Socorro. Eles farão orientação dos moradores e verificar denúncias feitas pela população. A partir das 17h30 desta quinta (12), será realizada uma ação de nebulização no bairro do Butantã.
A Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo também afirmou que irá aplicar multas aos moradores ou comerciantes denunciados que não providenciarem a remoção de possíveis criadouros de mosquitos em suas residências ou estabelecimentos comerciais.
As cobranças podem variar de R$ 180 a R$ 700, a depender do número de focos que o imóvel possui. No entanto, antes de receber a multa, o morador receberá uma notificação por carta informando que o endereço foi denunciado por seus vizinhos e que ele deverá providenciar a remoção dos criadouros, com orientações sobre como proceder.
A punição não é medida da gestão Doria –está prevista em decreto de 2002, durante o governo de Marta Suplicy (PMDB). A previsão da secretaria da Saúde é que a medida seja implantada ainda em janeiro.
Matéria publicada na Folha de S. Paulo.