PAULO SALDAÑA, DE SÃO PAULO, E EDUARDO SCOLESE, EDITOR DE "COTIDIANO" – FOLHA DE S. PAULO
Todos os estudantes da rede municipal de São Paulo, a partir do 2º ano, farão uma revisão de conteúdo nos primeiros 30 dias de aula deste ano. A determinação é do secretário de Educação, Alexandre Schneider.
Em entrevista à Folha, ele prometeu colocar a cidade no topo do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) até 2019 e ainda anunciou que vai retomar a aplicação anual da Prova São Paulo. A avaliação externa havia sido cancelada em 2013 na gestão Fernando Haddad (PT).
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AULAS
O ano vai começar com um mês de revisão do ano anterior. Vamos fazer materiais próprios [para essa revisão] e indicar para escolas o processo. Em seguida, haverá prova diagnóstica para que professores e escolas saibam em que ponto estão os alunos. A prova será em 30 de março, e dia 18 de abril a secretaria faz a devolutiva dos resultados, com sugestões de como melhorar.
AVALIAÇÕES
Vai voltar a avaliação externa, a Prova São Paulo. O objetivo dela é pedagógico. Vamos aplicar até novembro, com língua portuguesa, matemática e ciências. Vamos fazer licitação para uma empresa aplicar [a última Prova São Paulo, em 2012, custou R$ 6 milhões à prefeitura]. As provas externas são saudáveis para verificar como estão as escolas, diferença entre elas.
APRENDIZADO
A meta é colocar São Paulo como o primeiro Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] entre as capitais do país até 2019 [foi 11º no nono ano, em 2015]. É a obrigação de São Paulo. E falo porque já fui secretário e não conseguimos. No meu período ainda não era bom, mas o Ideb subiu [na última edição, o indicador da rede municipal caiu nos anos finais]. Hoje a meta de alfabetização é no 3º ano. Vamos baixar para o 2º ano, com o objetivo de ter 80% dos alunos alfabetizados no 1º ano. Voltaremos a ter formação dos coordenadores pedagógicos e material de apoio para uso em sala de aula.
ENSINO FUNDAMENTAL
O tripé será currículo, avaliação e formação de professores. Todo lugar que fez isso conseguiu dar um salto.
O Brasil está discutindo a Base Nacional Comum Curricular, e nossa meta é que São Paulo seja a primeira cidade, ou esteja no grupo das primeiras, a adotar a base.
Formaremos grupos por especialidade e grupos regionais. Para que os professores da rede, junto com especialistas, possam discutir o que vai ser o currículo a partir da Base. Vamos aproveitar o que já existia, o trabalho feito na gestão passada e as melhores experiências internacionais. Em paralelo, discutiremos os materiais de apoio e construir com docentes uma formação alinhada ao currículo.
CRECHE
Temos que garantir o compromisso do prefeito sobre a demanda no último dia da gestão Haddad. Não houve mudança de metas [na campanha, Doria falou em zerar a fila até o final de 2017, depois fixou em 66 mil, que é a fila registrada em dezembro].
A demanda necessariamente varia ao longo do ano. Em setembro, usou-se aquele número porque era o disponível. Ainda não temos a meta de vagas para os quatro anos, seria imprudente falar agora. Mas vamos colocar no plano de metas [em abril].
A expansão de vagas será por convênios. Vamos seguir o plano de obras em andamento [da gestão Haddad]. Com recursos próprios e com um edital para o Fundo Municipal de Direitos da Criança e Adolescente. A gestão Haddad já fez um primeiro movimento, é instrumento poderoso. O objetivo é captar R$ 400 milhões. Vamos intensificar a busca por empresas que querem destinar os recursos, que podem ser abatidos do imposto de renda.
Não há alternativa única. Vamos ter cardápio de soluções [com uso de escolas estaduais, bancos desativados e prédios em terminais].
EQUIDADE
Nosso princípio vai ser a equidade, que é tratar os diferentes de forma diferente. Temos estudo que mostra que os mais pobres não estão nas creches. Eles terão prioridade. Nossa meta será regionalizada para gerar vagas a partir da demanda em cada região. Vamos estudar o critério atual [hoje, a cada duas matrículas, duas são para beneficiados pelo Bolsa Família] e verificar se todos estão na creche. Mas faremos busca ativa. Estamos estudando se faremos com médicos de família ou com parcerias.
Matéria publicada na Folha de S. Paulo.