Escolas já fazem reunião de pais por videoconferência

Atividades ao vivo e recados enviados por aplicativo são outros exemplos de uso de tecnologia para interagir com as famílias

Isabela Palhares, O Estado de S.Paulo

Com a rotina das famílias cada vez mais atribulada, escolas particulares de São Paulo estão investindo em soluções tecnológicas para aproximar os pais do dia a dia das crianças. Reuniões são feitas por videoconferência, atividades dos alunos têm transmissão ao vivo e recados escolares vão por aplicativo.

Na escola Meu Castelinho de educação infantil, com unidades em Pinheiros, na zona oeste, e no Itaim-Bibi, na zona sul da capital paulista, foram feitos testes no ano passado para a transmissão das reuniões de pais para que todos pudessem participar por meio do aplicativo Periscope, que permite veicular vídeos ao vivo e garante a interação de quem assiste. “Ao longo dos anos, o número de pais que conseguiam vir às reuniões foi caindo, mesmo a gente priorizando os encontros fora do horário comercial”, comenta Andrea Oliveira, orientadora educacional.

Segundo ela, os pais, na maioria das vezes, não conseguem ir às reuniões à noite porque não têm com quem deixar os filhos. “Os pais estão na reunião e a professora está na reunião (de manhã e à tarde). Quem vai cuidar da criança? Fora que tem a questão do deslocamento. Temos vidas corridas e, por isso, é importante pensar soluções.”

Andrea conta que a escola manteve a opção para os pais que preferem comparecer pessoalmente ao encontro. Em uma das experiências, 15 deles participaram in loco enquanto outros 18 acompanharam online. Foi o caso da psicóloga Joana Petrilli, que sempre participou das reuniões com os professores da filha Natália, de 3 anos, mas, neste fim de ano, não pôde estar presente a uma delas.

“Meu trabalho me permite ter horários mais flexíveis, mas nesse dia eu não pude mudar meus compromissos. Foi muito bom ter a opção de participar pelo aplicativo, porque assim eu não cheguei atrasada, não estava preocupada com os demais afazeres e pude me dedicar completamente à discussão”, afirma Joana.

Andrea ressalta que as transmissões são usadas apenas para assuntos coletivos. Situações individuais que envolvam os estudantes ainda são tratadas pessoalmente com os pais. Como a experiência teve boa adesão, a instituição planeja promover mais reuniões neste ano, além de transmitir, ao vivo, várias atividades das crianças na escola. A ideia é mostrar aos pais aulas de culinária, de artes, de educação física, para tornar o processo de aprendizagem mais “visível”.

No ano passado, o Colégio Oswald de Andrade, na Lapa, zona oeste paulistana, fez a transição de sua comunicação com os pais do e-mail para um aplicativo chamado ClassApp, desenvolvido exclusivamente para a troca de mensagens entre pais e educadores. Recados coletivos são enviados pelo aplicativo e os pais recebem notificações em seus celulares.

“A gente sempre usou o e-mail para a comunicação com os responsáveis pelos alunos, mas muitos não recebiam ou não liam. E começamos a ver que o e-mail não era o mais adequado, porque não era o lugar específico para o assunto escolar. É uma ferramenta de trabalho para muitos pais e, por isso, as mensagens da escola ficavam deslocadas”, afirma Lúcia Lima, assistente de comunicação interna do colégio.

Segundo Lúcia, com o aplicativo, a escola também percebeu que o formato das mensagens precisava mudar. E passaram a ser usados textos mais curtos e diretos.

Distância

O colégio Internacional de Alphaville, na Grande São Paulo, optou por usar o Skype, aplicativo móvel de conversas por vídeo, para conversar e apresentar a escola para a família de uma estudante australiana que vai fazer um intercâmbio de um ano no Brasil. Filha de mãe brasileira, a menina de 15 anos vai estudar na escola e morar na casa de uma tia.

Mas, antes de escolher o colégio, os pais da jovem fizeram reuniões por Skype para conhecer a proposta pedagógica, o funcionamento, os horários e as disciplinas da instituição paulista. “É uma experiência totalmente inédita para nós. É a primeira vez que temos uma aluna que não fala português ou espanhol e que o contato com os pais será feito de forma virtual”, conta Simon Franks, o coordenador da escola.

Para ele, a experiência foi positiva por mostrar que a tecnologia pode ser usada para uma comunicação efetiva com os pais e até mesmo para passar segurança sobre a política do colégio.

Matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo.
 

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