CLÁUDIA COLLUCCI E ARTUR RODRIGUES – FOLHA DE S. PAULO
Ao mesmo tempo que comemora a realização de 250 mil exames no programa Corujão da Saúde, sua promessa eleitoral, a gestão João Doria (PSDB) não informa a situação completa atual da fila de espera por consultas, exames e cirurgias a partir de janeiro.
Há mais de um mês, a Folha pede essas informações. No início de fevereiro, o pedido ocorreu via Lei de Acesso à Informação, mas a prefeitura só divulgou dados até 2016.
A assessoria da Secretaria Municipal da Saúde diz não possuir esses dados. Ou seja, quantos dos 250 mil atendidos aguardavam na fila antes da gestão Doria e quantos entraram na espera em 2017.
Sem esses dados públicos, não é possível saber, por exemplo, se a gestão tucana está atendendo apenas pacientes da fila de 2016 e, ao mesmo tempo, criando uma fila paralela de novas demandas.
Outro dado não informado são quantos exames cada entidade privada parceira do programa realizou. A Folha também pediu as informações por meio da Lei de Acesso à Informação ainda no início de fevereiro, mas a administração tem ignorado os prazos. A assessoria da Saúde afirma que esses dados estão sendo tabulados.
Questionado sobre o assunto em evento nesta segunda (13), Daniel Costa, chefe de gabinete da secretaria, disse que não falta transparência. "Não podemos divulgar o que ainda não temos. Ainda estamos avaliando os dados para consolidá-los."
A próxima meta, segundo ele, é acabar com a fila de cirurgias que envolvem próteses (dispositivos implantáveis). Ele não disse quantas pessoas esperam por esse tipo de procedimento.
FILA
Nesta segunda (13), Doria participou de um evento no hospital Albert Einstein no qual a gestão informou que há 160 mil pessoas na fila para agendamento de exames.
No final dezembro de 2016, na gestão de Fernando Haddad (PT), a fila era de 485 mil.
Ao lado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), ele entregou exames a duas pacientes. Uma delas aguardava na fila desde novembro de 2016 e a outra, desde dezembro. A prefeitura diz que 15% dos exames foram feitos em hospitais particulares, justamente o coração do programa.
Além dos 250 mil pacientes que já foram atendidos, cerca de 78 mil foram retirados da fila. Segundo a prefeitura, eram pessoas que não precisavam mais dos exames. "A grande maioria desses exames já foram feitos nas unidades de emergência", diz o secretário municipal da Saúde, Wilson Pollara.
Segundo ele, a partir de 10 de abril, todos os pacientes terão seus exames agendados no prazo máximo de 30 dias.
"Quando assumimos o governo era um desafio, tínhamos quase meio milhão de pessoas precisando de exames sofisticados, exames de imagem com aparelhos de última geração e tivemos de lançar mão de todos os recursos que nós tínhamos."
Segundo ele, da fila herdada da gestão Haddad, restam 51 mil pessoas à espera do agendamento de exames.
TRIBUNAL
Em fevereiro, o Tribunal de Contas do Município questionou o edital feito para o Corujão. No relatório do órgão, os auditores apontaram que a prefeitura não esclareceu, entre outras coisas, qual a demanda reprimida de cada exame a ser contratado. Foram apontadas nove falhas.
Segundo relatório, o edital "não reúne condições de prosseguimento". Costa afirmou a prefeitura fez os esclarecimentos solicitados pelo tribunal e que "está tudo certo com o programa".
Matéria publicada na Folha de S. Paulo.