LUIZA FRANCO, DO RIO – FOLHA DE S. PAULO
Quase 75% de crianças brasileiras com menos de quatro anos de idade não vão à creche. São 7,7 milhões nessa situação de um total de 10,3 milhões, de acordo com pesquisa inédita do IBGE com base em dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) 2015.
Os dados da pesquisa mostram que, das 10,3 milhões de crianças, 84,4% (8,7 milhões) normalmente permaneciam, de segunda a sexta-feira, de manhã e de tarde, no mesmo local e com a mesma pessoa. Desse total, 74,5% ficam em suas próprias casas sob os cuidados de um de seus responsáveis. Já 16,6% das crianças passam a manhã e a tarde em creches ou escolas.
De acordo com o instituto, quanto mais nova a criança, maior era o percentual de permanência no mesmo lugar e com a mesma pessoa ao longo do dia. O levantamento ainda aponta que a proporção de crianças matriculadas em creches está bem abaixo da meta estipulada pelo governo no Plano Nacional de Educação, que é atender, no mínimo, 50% das crianças de até três anos.
A pesquisa aponta que as crianças que não vão à creche são mais pobres. Para os menores de quatro anos que permaneciam, de segunda a sexta, de manhã e de tarde, no local onde moram, o rendimento médio mensal domiciliar (R$ 550) representava 56,6% daquelas que frequentavam creche ou escola (R$ 972) em 2015.
Entre os responsáveis pelas que estavam fora da creche ou escola, 61,8% tinham interesse em conseguir uma vaga (4,7 milhões). 43,2% (2,1 milhões) deles tomaram alguma ação ou providência para conseguir uma vaga.
Entre os mais ricos, a proporção era menor –nas classes de rendimento médio domiciliar per capita mais altas, chegando a 54,4% naquela de 3 salários mínimos ou mais. Já na classe sem rendimento a menos de 25% do salário mínimo, essa proporção era de 61,5%.
Quanto mais velha a criança, maior era o interesse por vaga em creche ou escola. Enquanto para 49,1% das crianças de menos de um ano havia essa interesse, para aquelas de três anos, a proporção alcançava 78,6%.
Também havia variações regionais. Na região Norte, esse percentual era de 26,4%, enquanto na Sul, chegava a 57,3%.
MULHERES CUIDAM
Para 83,8% (8,6 milhões) das crianças com menos de quatro anos, a principal pessoa responsável era do sexo feminino. A maior parte dos responsáveis pela criança trabalhava na semana em que a pesquisa foi feita 52,1%. Quando essa pessoa era mulher, a proporção era para 45%; entre os homens, a estimativa era de 89%.
As crianças com menos de quatro anos (10,3 milhões) representavam 5,1% da população e estavam presentes em 13,7% (9,2 milhões) dos domicílios. Em geral, o rendimento médio domiciliar per capita também era menor nos domicílios com crianças de menos de quatro anos.
Matéria publicada na Folha de S. Paulo.