Doria suspende 37 obras em 28 bairros da periferia de SP por falta de dinheiro

REGIANE SOARES E ALINE MAZZO, DO "AGORA"

A gestão João Doria (PSDB) suspendeu por quatro meses pelo menos 37 obras em 28 bairros da cidade de São Paulo, todos na periferia.

As suspensões foram publicadas no "Diário Oficial" da Cidade entre março e abril, segundo levantamento da reportagem. Elas atingem 18 creches, 2 escolas, 1 hospital, 6 UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), 3 UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e 2 CEUs (Centros de Educação Unificado), além de obras de transporte e de drenagem.

A prefeitura alega falta de dinheiro. Ela não informou o valor total das obras paradas.

Entre as obras suspensas está a do Hospital Municipal da Brasilândia (zona norte), que tinha um investimento inicial de R$ 209,4 milhões.

A construção começou em setembro de 2015, na gestão Fernando Haddad (PT), e deveria ter sido concluída no fim do ano passado. Em novembro, a obra estava parada, segundo a gestão passada, por falta de recursos. Agora, Doria mantém a paralisação por mais 120 dias.

O hospital, que terá 250 leitos, sendo 40 de UTI adulta, pediátrica e neonatal, tem só dois andares acabados.

O maior número de construções suspensas é de creches: 18. Somente no Campo Limpo (zona sul), três tiveram as obras suspensas. No distrito, a fila de crianças que aguardam por uma vaga em creche chega a 3.171.

Na lista de obras suspensas também estão o prolongamento da Radial Leste e melhorias no terminal de ônibus Jardim Ângela (zona sul).

O secretário da Fazenda, Caio Megale, diz que o Orçamento "apertado", a queda de receita devido à crise econômica e o aumento das despesas levaram à decisão de suspender obras. "Num ambiente como este, é preciso ter critério para retomar as obras mais relevantes."

Segundo Megale, a gestão pretende retomar, primeiro, obras que estão mais perto da conclusão e em regiões onde a demanda pelo serviço é maior. Não há prazo para isso. Ele diz ser normal que as obras suspensas estejam na periferia, onde há maior demanda.

A gestão Haddad diz que deixou em caixa R$ 5,5 bilhões e que considera "estranho" citar problemas de Orçamento.

Nesta quarta-feira (26), o prefeito Doria disse que vai pedir dinheiro para o Ministério da Educação para concluir as obras dos CEUs Freguesia do Ó e Parque Novo Mundo, ambos na zona norte, ainda neste ano.

Matéria publicada na Folha de S. Paulo.
 

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