A Grande São Paulo ganhou, nesta quarta-feira (7), um reforço para combater um de seus maiores gargalos ambientais: a cobertura de sua rede de tratamento de esgoto.
Para se ter uma ideia, em 2016 a Sabesp (companhia paulista de saneamento) tratou apenas 69% do esgoto gerado pelas cidades da Grande São Paulo em que atua. Há cinco anos, a empresa estimava que em 2016 atingiria o patamar de 75%.
Com investimento na casa dos R$ 390 milhões, a estação de tratamento de Barueri terá capacidade para tratar os dejetos produzidos por 1,2 milhão de pessoas —o equivalente gerado por Campinas, por exemplo.
O empreendimento saltou de uma capacidade de 9.500 litros por segundo de esgoto processado para 12 mil litros por segundo.
De acordo com a Sabesp, ao longo da Grande São Paulo foram instalados 230 quilômetros de tubulações, que têm a função de transportar os dejetos das casas até a estação de tratamento.
A nova estrutura passa a coletar e a tratar o esgoto oriundo do centro, das zonas sul, norte e oeste da capital paulista, além de cidades como Barueri, Carapicuíba, Cotia, Embu das Artes, Itapecerica da Serra, Itapevi, Jandira, Osasco, e Taboão da Serra.
Pelos cálculos da companhia, a estação terá a capacidade de retirar 216 milhões de litros de esgoto por dia dos mananciais paulistas, incluindo um dos mais castigados pela poluição: o rio Tietê.
A obra que passou a operar nesta quarta faz parte do primeiro pacote de intervenções da companhia na estrutura de Barueri. Ainda está prevista mais uma segunda obra que vai elevar a até 561 milhões de litros de esgoto tratado por dia —mais que o dobro da capacidade atual da estação. A segunda fase da obra deve ser concluída até o final deste ano.
As obras começaram em 2013 e, segundo a Sabesp, a primeira fase só foi entregue agora porque a empresa precisou ajustar o serviço de ampliação simultaneamente às operações da estação. A obra continuou sendo tocada, apesar da forte crise hídrica que castigou o Estado entre 2014 e 2016 e que derrubou o caixa da Sabesp para investimentos. No período, diversas obras de saneamento tiveram que ser suspensas.
Para o governador Geraldo Alckmin (PSDB), a obra faz parte de um conjunto de esforços para recuperar o Tietê. "Com a ampliação, [a estação] passa a tratar 12 m³ por segundo de esgoto. Cada metro cúbico equivale ao atendimento de 470 mil pessoas. Estamos tirando esgoto do rio Tietê e de seus afluentes", disse.
Os investimentos foram contraídos junto ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) com apoio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Segundo Édison Carlos, do Instituto Trata Brasil, a ampliação é louvável e pode ser um sinal de que a companhia pretende avançar sobre o maior gargalo do saneamento na região metropolitana. "Dos indicadores de saneamento, o tratamento de esgoto é disparadamente o mais atrasado e avança de maneira muito lenta em São Paulo, por isso a ampliação é bem vinda", disse.
"Tratar mais esgoto significa menos poluição indo para os rios Tietê e Pinheiros. Mas o esforço pelo saneamento na região metropolitana tem que passar também por uma negociação com outros municípios da Grande São Paulo que não sejam operados pela Sabesp. Só assim, a bacia onde está São Paulo será finalmente despoluída", conclui Édison Carlos.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo