Pedidos de serviço tapa-buraco explodem no 1º semestre de Doria

WILLIAM CARDOSO, DO "AGORA"

As avenidas Sapopemba (zona leste) e Celso Garcia (região central e zona leste) lideram o ranking de pedidos do serviço tapa-buraco na capital paulista em 2017. O número de reclamações sobre falhas no asfalto explodiu no primeiro semestre deste ano e já é 38,6% maior do que no mesmo período de 2016.

Os números obtidos via Lei de Acesso à Informação mostram que, entre 1º de janeiro e 19 de junho, foram feitos 75.769 pedidos de tapa-buraco para a gestão de João Doria (PSDB). No ano passado, no mesmo período, na gestão Fernando Haddad (PT), foram 54.658.

Maior avenida da capital, a Sapopemba teve 673 pedidos de tapa-buraco no período. O vendedor Alexandre Silva, 43, trabalha em uma loja na avenida e reclama da qualidade do serviço feito pela prefeitura. "Eles fazem um recapeamento muito ruim. Quando chove, parece que leva todo material embora", afirmou. "Com tanto imposto que a gente paga, é ruim ter um asfalto desse jeito", diz.

Entre as dez mais, a Celso Garcia lidera o ranking de pedidos pelo serviço quando se leva em consideração a extensão da avenida. Foram 96 solicitações de tapa-buraco por quilômetro. "Não é só aqui, não. É a cidade inteira. Mandei alinhar o carro outro dia e paguei R$ 120. Não vejo ninguém recapear nada", afirmou o vendedor Carlos Alves, 53, que costuma circular pela Celso Garcia.

O vendedor Francisco Fábio do Nascimento Feitosa, 38, também reclama. "Tenho que desviar dos buracos e corro risco de bater nos outros carros. A Celso Garcia dá acesso a muitos lugares e tinha que ser bem conservada."

No ano passado, ainda na gestão Haddad, o TCM (Tribunal de Contas do Município) analisou 30 amostras de massa asfáltica e constatou que nenhuma cumpria integralmente as normas estabelecidas em edital pela prefeitura. Na ocasião, a prefeitura afirmou que eram "falhas pontuais".

JEITO CERTO

Creso Peixoto, professor do departamento de Engenharia Civil da FEI (Faculdade Educacional Inaciana), afirma que o serviço de tapa-buraco precisa ser bem-feito para ter um resultado positivo.

"O fundo [do buraco] tem que ser limpo, isolado com adesivo e aí vem a massa asfáltica. Quando o buraco é fundo, o ideal é que seja a quente, colocando o chamado concreto betuminoso", afirma. "Depois de colocado o asfalto, passa um rolo em cima, para compactar", diz.

Segundo Peixoto, o tapa-buraco feito de forma errada também tem características. "O serviço de baixíssima qualidade tira a água do buraco com vassoura de fios duros, joga o asfalto com regador e depois a massa asfáltica. Quem compacta é o motorista, com o carro", diz.

Peixoto diz que há massas asfálticas a frio que também podem ser usadas, pois têm aditivos de qualidade. "Mas ainda é necessário fazer um recorte em formato geométrico, retangular", diz.

O professor da FEI afirma que buracos surgem em função do excesso de tráfego e ou da falta de drenagem, quando a água se infiltra no pavimento por meio de fissuras e frestas. Segundo Peixoto, quando surgem trincas no asfalto, a solução é o recapeamento total da via.

OUTRO LADO

A Secretaria Municipal de Prefeituras Regionais, sob a gestão de João Doria (PSDB), disse que no primeiro semestre foram tapados 93.141 buracos, ante 75.769 solicitações no mesmo período.

"No total realizamos 18% de atendimentos, do serviço de tapa-buracos, a mais do que a demanda recebida pelo canal 156", afirmou, em nota, citando ainda 580 mil pedidos herdados da gestão anterior. A secretaria disse que iniciou o Programa Asfalto Novo, com meta de recapear 680 mil metros quadrados com o apoio da iniciativa privada e de concessionárias de serviços públicos.

A assessoria do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou que em 2016 houve "frustração na arrecadação e falta de recursos prometidos pelo governo federal", o que prejudicou o serviço de tapa-buracos. Haddad cita também o fato de ter chovido mais em 2016 e 2017.

Matéria publicada na Folha de S. Paulo.

 

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