Plano não diz a que veio em pontos cruciais de direitos humanos, como igualdade de gênero e igualdade racial, embora estes representem 37% das sugestões da população ao Programa. Para uma cidade que todos os dias violenta corpos de mulheres, inclusive mulheres trans, e assassina juventude negra a números alarmantes, este silêncio é eloquente.
Por Thiago Amparo, no Nexo Jornal.
Quanto cabe no silêncio? Quantos direitos restam ofuscados nas entrelinhas do que não se diz? As 517 páginas da versão final do Programa de Metas da cidade de São Paulo, publicadas no dia 11/7, muito dizem. Em certos pontos, ao longo de suas 53 metas, o programa para 2017-2020 avança na construção de uma cidade melhor. O que ele não faz, no entanto, é avançar substantivamente rumo a uma política pública de direitos humanos para a cidade – esta política está no que as 517 páginas não dizem.
Escrevo isso consciente da estranheza que a crítica possa trazer. Na condição de secretário-adjunto municipal de direitos humanos e cidadania, posto que ocupei de janeiro a maio de 2017, participei ativamente da formulação do Programa de Metas até a sua versão preliminar, debatida com a população. Aqui, escrevo enquanto partícipe até maio de 2017 na formulação do programa, e portanto testemunha de seus triunfos e silêncios.
Confira aqui a íntegra do artigo, que destaca "o que o Programa de Metas diz sobre direitos humanos" e "o que o Programa de Metas não diz sobre direitos humanos".