Demissão ocorre duas semanas depois da abertura da investigação da 'máfia da Cidade Limpa'
Por Pedro Durán – Rádio CBN
Embora a investigação da "máfia da Cidade Limpa" esteja andando em ritmo acelerado dentro da Controladoria, a gestão Doria questiona a produtividade da chefe do órgão. Esse foi o principal motivo para demiti-la menos de oito meses depois de sua nomeação.
Procuradora de carreira desde 2005, o destino de Laura Mendes de Barros está nas mãos do chefe da Procuradoria, Ricardo Ferrari. Ela foi a terceira opção do prefeito João Doria para o cargo, mas não agradou. Agora, será a quarta troca no alto escalão desde o começo do governo. Descontentes com a mudança, outros servidores também estão entregando cargos de chefia na Controladoria.
Logo que recebeu as denúncias da CBN, Laura afirmou que embora tivesse perdido o status de secretaria na gestão Doria, a Controladoria continuava independente.
"A gente tem muito claro que o controle interno não existe sem autonomia e o governo atual quando me fez o convite me colocou com toda segurança de que essa autonomia seria mantida, que se trataria de uma reforma administrativa e então assim a gente está tocando e eu asseguro que não existe nenhuma ingerência na atuação da Controladoria. Se assim houver qualquer dia, se assim houvesse, a gente não teria como compactuar", disse à CBN no último dia 31 de julho.
Das mais de 40 pessoas listadas para prestar esclarecimentos, 16 já foram ouvidas.
No lugar de Laura, assume um advogado especialista em administração pública, mas que não trabalha na prefeitura. O nome deve ser anunciado até o fim desta semana. A partir de sexta-feira, a atual controladora já não comandará o órgão.
Uma outra mudança no secretariado de Doria também pode acontecer nos próximos dias. O PR deve assumir a secretaria de Esportes ou de Verde e Meio Ambiente. O partido tem quatro vereadores e fortalece o bloquinho de centro da Câmara.
No Meio Ambiente, o secretário Gilberto Natalini (PV) está com o cargo ameaçado justamente por um projeto da própria Controladoria. Com a ajuda dos controladores, uma quadrilha de servidores públicos que vendia laudos por propina e fazia vistorias forjadas foi desarticulada. Na semana passada, Natalini lançou um programa de integridade pioneiro no Brasil, fechando o cerco para a corrupção na pasta.
Com obras que agridem o meio ambiente dificultadas depois da mudança, há uma pressão do setor da construção civil para a saída de Natalini.
O PR ainda está em vias de definir o nome de quem indicará ao alto escalão. O ex-ministro Antonio Carlos Rodrigues, até foi cotado, mas declinou para tentar se eleger deputado federal.
A secretaria que não for ocupada pelo PR deve ir para o PSB, que depois da saída de Eliseu Gabriel, ficou sem um nome no primeiro escalão.
A controladora geral do município, Laura Mendes de Barros, afirmou, em nota, que está tranquila com o trabalho realizado e que os números falam por si durante os oito meses em que esteve à frente do cargo. Ela afirmou que neste período foram emitidas 53 ordens de serviço para execução de auditorias. Dessas, mais de 20 já foram concluídas.
Em valores, essas ordens, de acordo com a controladora, geraram quase R$ 6 milhões de economia aos cofres públicos da cidade, contra R$ 400 mil de todo o ano passado. Ou seja, um valor 15 vezes superior.
Procurada, a prefeitura de São Paulo não confirmou as mudanças na controladoria. Já o secretário Gilberto Natalini não foi localizado pela CBN.
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