Laura Mendes de Barros será substituída por profissional do Tribunal Regional Eleitoral; secretário nega insatisfação com trabalho da procuradora
Bruno Ribeiro e Luiz Fernando Toledo, O Estado de S. Paulo
A gestão João Doria (PSDB) trocou nesta quinta-feira, 17, a controladora-geral do Município, Laura Mendes, responsável pelo órgão da Prefeitura que tem o objetivo de apurar e corrigir irregularidades administrativas e combater a corrupção. Em seu lugar, assumirá Guilherme Mendes, atual ouvidor de São Paulo.
“Estamos fazendo mudanças administrativas e precisamos de uma Controladoria mais alinhada com as diretrizes do prefeito”, disse o secretário municipal de Justiça, Anderson Pomini. Criada como órgão independente na gestão Fernando Haddad (PT), a Controladoria-Geral do Município (CGM) é atualmente subordinada à Justiça.
Segundo técnicos da área, Laura vinha enfrentando atritos. A avaliação é que havia conseguido manter a independência, mas ao custo de confrontos frequentes. Teria pesado para o desgaste suas negativas de compartilhar informações tidas como sigilosas por parte do órgão, a cobrança para que a gestão cumprisse a Lei de Acesso à Informação (LAI, que obriga a transparência de dados) e a fiscalização e a divulgação das doações recebidas pelo prefeito.
Pomini nega. Ele afirma que pedia informações à CGM porque sua pasta é o órgão recursal dos processos abertos pela controladoria. “Assim, tinha de solicitar informações, o que fazia por ofício.” Diz ainda que a dificuldade em respeitar a LAI é decorrente do volume de pedidos feitos por meio da lei. E afirma ter sido a secretaria – não a CGM – quem organizou a divulgação das doações.
Relatórios
A atual gestão já tornou público o resultado de 18 auditorias conduzidas pela CGM, todas referentes a contratos assinados por Haddad. A gestão anterior havia publicado 49 relatórios de auditorias, todos referentes à própria administração. Atualmente, estão em andamento as investigações da chamada Máfia da Cidade Limpa, esquema de propina revelado pela Rádio CBN.
Em meio à crise financeira, o órgão tem ainda recebido menos recursos. Entre janeiro e julho foram executados R$ 6 milhões do orçamento de R$ 32,5 milhões. No ano passado, até julho, haviam sido R$ 10 milhões.
Matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo.