Segundo Alckmin, grupo chinês vai adquirir parte da concessão da ‘linha das universidades’; construção está parada desde setembro de 2016
Fabio Leite, O Estado de S. Paulo
O governo Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou nesta quarta-feira, 5, que um grupo chinês deve comprar parte da concessão da Linha 6-Laranja (Brasilândia-São Joaquim) do Metrô de São Paulo e retomar as obras da chamada “linha das universidades” no início de 2018.
A obra foi paralisada em setembro de 2016 pelo consórcio Move São Paulo, formado pelas empresas Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC e um fundo de investimentos. O grupo alegou dificuldade para obter financiamento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para continuar a construção em meio às investigações da Lava Jato.
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Segundo o governo, as empresas China Railway Capital Co. Ltd. e China Railway First Group Ltd., gigantes do setor no mundo, vão se associar ao grupo de investidores japoneses liderados pela empresa Mitsui para assumir a Linha 6. O contrato da Parceria Público-Privada (PPP) foi assinado por Alckmin em dezembro de 2013 com prazo de 25 anos de vigência. O início da operação estava previsto para maio de 2020.
“Eles (os chineses) pediram 90 dias para concluir a negociação e o financiamento junto ao BNDES. A ideia é que a obra possa ser retomada em janeiro”, afirma Clodoaldo Pelissioni, secretário estadual de Transportes Metropolitanos. Até agora, diz, 15% da linha foram executados. A previsão é que a operação comece só em novembro de 2021.
O governo disse ter tomado todas as medidas legais cabíveis para que a Move São Paulo retomasse as obras e aplicado R$ 27,8 milhões em multas pela paralisação. Segundo Pelissioni, o Estado, responsável por 50% dos custos, já aportou R$ 694 milhões nas obras civis e R$ 979 milhões para desapropriações. O custo do empreendimento deve superar os R$ 9,5 bilhões.
Com 15 estações e 15,3 quilômetros, a Linha 6 deve transportar mais de 630 mil pessoas por dia entre a Brasilândia, na zona norte, e a estação São Joaquim, na região central. Ela fará integração com as linhas 1-Azul e 4-Amarela do Metrô, além da 7-Rubi e a 8-Diamante da CPTM.
A Linha 6 foi prometida por Alckmin na eleição de 2010. Durante o governo, ele chegou a prometer a entrega da linha em 2018, mas a formatação da PPP atrasou e a licitação foi refeita por falta de interesse.
Em nota, a Move São Paulo confirmou a proposta de um grupo estrangeiro, mas disse que, por cláusulas de confidencialidade, está impossibilitada de dar mais informações.
A Linha 6 chegou a ser citada por executivos da Odebrecht em acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. O delator Celso da Fonseca Rodrigues, ex-diretor de contratos da empreiteira, disse em depoimento que pagou R$ 8 milhões em propina ao ex-diretor do Metrô Sérgio Brasil para alterar o edital da linha em 2013 e beneficiar a construtora.
Para Pelissioni, os procuradores do Estado analisaram o caso e entenderam que o contrato da PPP está “preservado” por causa do acordo de leniência fechado pela Odebrecht. As investigações ainda não avançaram.
Cronograma
Alckmin deve acelerar o ritmo de entrega de estações até março. Prevê abrir 16 delas – das linhas 4 e 5, do Metrô, e da 15, do monotrilho. Cotado como candidato à Presidência, ele pode deixar o cargo em abril se disputar a eleição.
PRÓXIMAS ESTAÇÕES
Linha 4-Amarela
Higienópolis-Mackenzie (Dezembro/17), Oscar Freire (Março/18), São Paulo-Morumbi (Julho/18) e Vila Sônia (Dezembro/19)
Linha 5-Lilás
Eucaliptos, Moema, AACD-Servidor, Hospital São Paulo, Santa Cruz e Chácara Klabin (Dezembro/17), Campo Belo (2º semestre/18)
Linha 15-Prata (monotrilho)
São Lucas, Camilo Haddad, Vila Tolstói, Vila União, Jardim Planalto, Sapopemba, Fazenda da Juta e São Mateus (Março/2018)
Matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo.
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