Observatório e Mapa da Desigualdade da Primeira Infância lançados pela Rede Nossa São Paulo, Programa Cidades Sustentáveis e Fundação Bernard van Leer retratam situação das crianças de zero a seis anos na capital paulista.
Por Rede Nossa São Paulo
No distrito da Vila Andrade, é preciso esperar mais de 440 dias para se conseguir uma vaga em creche da região. Mais de 40% das gestantes do Jardim Helena realizaram menos de sete consultas pré-natal durante a gravidez – mínimo recomendável por especialistas. Muitas mães e crianças paulistanas moram em favelas. Só na Cidade Ademar há 102 aglomerações do gênero. Capão Redondo (96 favelas) e Brasilândia (88 favelas) completam a lista dos três piores indicadores da cidade nesse tema.
Esses são alguns dos dados divulgados nesta terça-feira (5/12) pela Rede Nossa São Paulo, Programa Cidades Sustentáveis (PCS) e Fundação Bernard van Leer, que lançaram o Observatório da Primeira Infância e o Mapa de Desigualdade da Primeira Infância.
Os números revelados pelos dois estudos mostram que São Paulo não é uma cidade acolhedora para as crianças. Ao contrário, 43 distritos têm registros de violência sexual contra crianças. No Itaim Paulista, a cada 100 mil mulheres entre 20 e 59 anos, 258 são internadas por causa de agressões que sofrem em casa.
Confira aqui a apresentação do Mapa da Desigualdade da Primeira Infância.
Ao levantar esses dados, o Mapa da Desigualdade da Primeira Infância apresenta um diagnóstico do município e identifica os distritos mais carentes de serviços e infraestrutura para as crianças de zero a seis anos de idade.
O objetivo é fortalecer o debate sobre o tema e incidir sobre políticas públicas que garantam os direitos fundamentais dos pequenos cidadãos. Porque uma cidade acolhedora para crianças é também uma cidade mais justa e sustentável. E sem desigualdades.
Sobre o Observatório da Primeira Infância
Com 130 indicadores, o Observatório da Primeira Infância (OPI) permitirá ao internauta selecionar e comparar até cinco itens que possuam dados por distrito. Por meio dessa interatividade, o interessado poderá saber a situação dos indicadores por ele selecionados em cada um dos 96 distritos da cidade de São Paulo.
Uma das novidades do OPI é o Banco de Boas Práticas, onde estarão disponíveis experiências exitosas nacionais e internacionais na área da infância. Além de acessar as boas práticas – por Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), eixo do Programa Cidades Sustentáveis ou pelo Urban95 –, o internauta poderá encaminhar sugestões de programas e políticas públicas exitosas para serem incluídas na plataforma.
Alguns indicadores visam chamar a atenção das autoridades e da própria sociedade para a situação das "Crianças Invisíveis". Ou seja, para as crianças que têm seus direitos básicos violados cotidianamente e não são contemplados por políticas públicas.
Outro ponto de destaque do Observatório será o espaço virtual "Olhar das Crianças", onde serão disponibilizadas fotos feitas pelos pequenos e pequenas.
Observatório pode ser replicado em outras cidades
Para que municípios interessados possam elaborar seus próprios Observatórios da Primeira Infância, a Rede Nossa São Paulo e a Fundação Bernard van Leer divulgam, no mesmo evento, dois guias destinados a facilitar a construção de plataformas semelhantes.
O Observatório da Primeira Infância em 5 Passos – Guia de Multiplicação explica como implantar a plataforma, considerando os indicadores, o conteúdo, o banco de boas práticas, entre outros pontos.
Já o Observatório da Primeira Infância – Guia Técnico orienta a instalação da plataforma, incluindo como configurar e cuidar da funcionalidade do sistema.
Sobre o Mapa da Desigualdade da Primeira Infância
Uma cidade acolhedora para crianças é uma cidade melhor para todas as pessoas. É um lugar em que as gestantes fazem pré-natal regularmente e os bebês nascem no peso adequado. Onde jovens com menos de 19 anos não precisam abandonar os estudos por causa de uma gravidez precoce. É uma cidade onde as violências doméstica e sexual não fazem parte da relação entre pais e filhos. Uma cidade acolhedora para crianças dispõe de ampla cobertura de esgoto e serviço de coleta de lixo. Tem boa iluminação pública, áreas verdes, parques e praças bem conservados para elas brincarem. Oferece consultas pediátricas regulares e programas de atendimento à família que funcionam. Em uma cidade acolhedora para crianças não é preciso esperar mais de um ano para se conseguir uma vaga na creche ou na pré-escola. Não há diferença entre mães negras e mães brancas, não há crianças invisíveis – aquelas que vivem longe da família por diferentes motivos e sobre as quais há poucos dados, quase nenhuma resposta e uma assistência social fragilizada.
Essas e outras questões motivaram a construção deste primeiro Mapa da Desigualdade de São Paulo com foco na Primeira Infância (0 a 6 anos). O trabalho trouxe à luz alguns dados que mostram uma realidade ainda bastante vulnerável para as crianças que vivem na capital paulista, assim como para seus pais, mães e cuidadores que não dispõem da infraestrutura e dos recursos necessários para oferecer uma vida melhor aos pequenos.
O Mapa visa mostrar as diferenças existentes dentro de uma mesma cidade – no caso, São Paulo – em relação à situação das crianças. Ou seja, estudo revela o "desigualtômetro" – a distância entre o melhor e o pior distrito – em cada um dos 28 indicadores vinculados à primeira infância.
Como foi feito
A Mapa da Desigualdade da Primeira Infância de São Paulo faz um recorte da realidade paulistana, ao reunir 28 indicadores municipais relacionados a temas fundamentais para o bem-estar e qualidade de vida de crianças de zero a seis anos de idade – o período que compreende a chamada Primeira Infância.
Do ponto de vista metodológico, esse trabalho pioneiro tem como base o Mapa da Desigualdade da Cidade São Paulo, que há seis anos tem divulgado indicadores que permitem identificar a oferta de equipamentos e serviços públicos em cada um dos 96 distritos da capital paulista. Trata-se de um instrumento que reúne dados estatísticos para orientar a tomada de decisão e contribuir para que as intervenções no espaço urbano atendam às necessidades e prioridades do município.
Os indicadores do Mapa de Desigualdade da Primeira Infância de São Paulo foram selecionados a partir da base do Programa Cidades Sustentáveis (PCS) e estão associados aos eixos do Urban95, uma iniciativa da Fundação Bernard van Leer, e aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), das Nações Unidas.
Os indicadores contemplam áreas como educação, saúde, assistência social, meio ambiente e direitos humanos, entre outras, e foram aplicados na menor unidade administrativa da capital paulista – ou seja, em cada um de seus 96 distritos. Dessa forma, foi possível identificar as diferenças territoriais da cidade e calcular o fator de desigualdade entre os distritos, a partir da relação entre o melhor e o pior indicador.
Com isso, espera-se sensibilizar gestores públicos, lideranças, organizações e a sociedade em geral para aquilo que os indicadores revelam: a cidade precisa cuidar melhor de suas crianças.
Repercussão na mídia
São Miguel é região de SP com mais acidentes de trânsito com crianças, diz pesquisa (G1)
Plataforma mostra diferenças sociais em São Paulo (GLOBONEWS)
44% dos distritos de São Paulo registram casos de violência sexual contra crianças (CBN)
O mapa que usa indicadores de cuidado com crianças para expor a desigualdade em SP (HUFFPOST)
Em São Paulo, uma criança tem 22 mais chances de morrer na Sé do que em Perdizes (CARTA CAPITAL)
Enquanto a criança da periferia não for prioridade, desigualdade vai continuar existindo (CBN)
Desigualdade entre bairros mostra SP pouco acolhedora para crianças (VALOR ECONOMICO)
Mortalidade infantil é 21 vezes maior na Sé do que em Perdizes (DCI)
Mortalidade de crianças de até um 1 na Sé é quase 21 vezes maior que em Perdizes (ISTOÉ DINHEIRO)
Mortalidade de crianças na Sé é 21 vezes maior que em Perdizes (EXAME)
Mortalidade de bebês na Sé é quase 21 vezes maior que em Perdizes (R7)
Mortalidade de crianças de até um 1 na Sé é quase 21 vezes maior que em Perdizes (BOL)
Mortalidade de crianças de até um 1 na Sé é quase 21 vezes maior que em Perdizes (UOL)
Por ano, Itaim Paulista tem 285 agressões a cada 100 mil mulheres (CATRACA LIVRE)
40% das crianças de até seis anos vivem nos piores 26 distritos da capital paulista (JOVEM PAN)
Apenas Santo Amaro tem atendimento pediátrico em todas as UBSs (32xSP)
Site cruza indicadores e revela desigualdade na primeira infância em SP (PORVIR)
O mapa que usa indicadores de cuidado com crianças para expor a desigualdade em SP (CEERT)
Mapeamento expõe as diferentes realidades que compõem a infância paulistana (PORTAL APRENDIZ)
Mapa da Desigualdade da 1ª Infância no Jornal da Cultura 1ª Edição | 05/12/2017 – minuto 10
Mapa da Desigualdade da 1ª Infância no Repórter Brasil Noite – 05/12/17 – minuto 3
Mortalidade de crianças de até um 1 na Sé é quase 21 vezes maior que em Perdizes (ISTOÉ)
Mortalidade de crianças na Sé é maior que em Perdizes (GAZETA DE S. PAULO)
Observatório Primeira Infância (PORTAL SETOR3)
Mapa da Desigualdade (OBSERVATÓRIO DO TERCEIRO SETOR)
Quatro em cada 10 crianças moram nos piores bairros (DIÁRIO DE S. PAULO)
Pinheiros x Pari: os piores lugares para ser criança em São Paulo (CATRAQUINHA)
Estatísticas de agressões contra mulheres no distrito Jaraguá (JARAGUÁ SP POST)
Crianças dizem não ao crime em um dos bairros mais pobres de São Paulo (AGENCIA EFE)