Como a maior parte dos habitantes de São Paulo, Alcione Santos mora nas margens da maior cidade da América do Sul. A viagem diária para trabalhos mal remunerados é brutal
Matéria publicada no jornal The Guardian.
Uma hora após tocar o alarme de Alcione Santos às 5h50 ela caminha até a esquina onde para o ônibus… isso se ele já não estiver cheio. “Tem vezes que eu espero 10 minutos, outras vezes espero 30, porque não tem o horário então a gente nunca sabe,” ela explica. Se o primeiro ônibus estiver superlotado, ou se ele quebrar, a longa espera significa que ela chegará atrasada ao trabalho.
Assim como a maioria dos 20 milhões de habitantes da Grande São Paulo, Alcione só tem condições de morar na periferia da maior cidade da América do Sul. Devido a sua enorme expansão e décadas de baixo investimento em transporte público, muitos têm de encarar deslocamentos diários de três, quatro ou até cinco horas para chegar a empregos mal remunerados no centro. Quase 70% das viagens são feitas de ônibus e, em lugares como Itaquaquecetuba, no extremo leste, onde vive Alcione, ele é o único elo para o trabalho e o dinheiro.
Ela nos deixou acompanhar seu deslocamento. Um ônibus surrado chega às 7h soltando uma fumaça preta e fazemos a viagem de 30 minutos em pé até a estação de trem, chacoalhando ao lado de pedreiros e faxineiras, enfermeiras e camelôs. Conforme passamos pela interminável periferia com favelas e casas em caixas de concreto, oficinas mecânicas e grafites desgastados, os passageiros tentam dormir a despeito das ruas esburacadas e ladeiras subidas aos trancos.
Confira aqui a reportagem completa publicada no jornal The Guardian.