Nossa São Paulo apresenta indicadores sobre trabalho e renda na cidade

Por Cíntia Gomes, da Agência Mural

A renda pessoal dos paulistanos se manteve estável nos últimos 12 meses, porém 37% da população apontam que o rendimento diminuiu. Esse é um dos resultados da pesquisa “Viver em São Paulo: trabalho e renda”, realizada pela Rede Nossa São Paulo e Ibope Inteligência, que foi apresentada por Márcia Cavallari, CEO do IBOPE Inteligência, na manhã desta quarta-feira (21/2), no Sesc Bom Retiro.

A pesquisa realizou 800 entrevistas com paulistanos acima dos 16 anos nas cinco regiões da cidade de São Paulo (sul, norte, leste, oeste e centro). De acordo com o levantamento, a renda pessoal se manteve estável especialmente entre os menos escolarizados e aqueles com idade entre 45 e 54 anos. Entre os que afirmam que ela diminuiu, destacam-se os com idade entre 35 e 44 anos com renda familiar de até 5 salários mínimos.

Além disso, a percepção de estabilidade na renda pessoal é maior na região Sul. As regiões que apresentaram aumento foram no Centro e na zona Oeste. E a região com maior diminuição foi a Leste.

De acordo com Jorge Abrahão, coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo e do Programa Cidades Sustentáveis, esses dados mostram a importância do tema e do papel do poder local para atuar na questão da geração de trabalho e renda.

“Pretendemos com esta pesquisa estimular essa discussão, que elas sejam geradoras desses encontros que temos feito, de debates e paineis, para que possamos apontar caminhos que estimulem a mobilização da sociedade e programas de políticas públicas que efetivamente transformem a cidade”, declarou Abrahão.

Despesa e ocupação do paulistano

Um dos fatores levantados são os gastos que o paulistano tem no seu dia-a-dia. A alimentação foi apontada como a principal despesa, representando 49% do uso da renda, em segundo com 24% foi com aluguel e moradia, em terceiro com 10% na saúde (remédios, exames e consultas), seguidos por transporte, educação, lazer e vestuário.

Em relação à ocupação, a maioria dos entrevistados declara estar ocupada, sendo que de 2 em cada 10 estão desempregados. Dos 59% da população ocupada, 29% são os empregados assalariados com registro ou sem registro em carteira e 23% os autônomos. Já os não ocupados representam 41%, sendo 18% dos desempregados seguidos dos pensionistas, donas de casa e estudantes que não trabalham.

A pesquisa mostrou ainda que, dentre os desempregados, 14% estão em busca de emprego, o que corresponde a 1.371.575 paulistanos.

Perfil sociodemográfico dos entrevistados desempregados

Os dados mostram que entre os entrevistados desempregados 58% são mulheres e 59% são negros e pardos, com maior relevância nas regiões leste e sul. 4 em cada 10 desempregados estão em tal situação há um ano ou menos. Dentre os que estão empregados, a maioria afirma que trabalha na mesma região em que mora, sendo esse dado mais expressivo entre os jovens com Ensino Médio e aqueles com renda familiar de até 2 salários mínimos.

Quando se fala em muitas oportunidades de emprego na região, há um destaque para os moradores do Centro. Na Região Leste, 53% dos entrevistados residentes declaram não encontrar oportunidades onde moram.

Outro dado apresentado revela a desigualdade de gênero também no mercado de trabalho: 5 em cada 10 entrevistados acreditam que as mulheres têm menos oportunidades no mercado de trabalho do que os homens. De acordo com a pesquisa, as mulheres, pessoas entre 35 e 44 anos, os mais instruídos e com renda familiar entre 2 e 5 salários mínimos são os que mais percebem tal diferença.

Confira a apresentação da pesquisa “Viver em São Paulo: renda e trabalho”