MP entra com ação contra mudanças no zoneamento de SP propostas por Doria - Rede Nossa São Paulo

MP entra com ação contra mudanças no zoneamento de SP propostas por Doria

Promotor pede que andamento do projeto seja suspenso. G1 procurou as assessorias de imprensa da Prefeitura e da Câmara Municipal e aguardava retorno.
As mudanças são criticadas por mais de 150 entidades da sociedade civil, entre as quais a Rede Nossa São Paulo, sindicatos, movimentos sociais e associações comunitárias.

Por G1 SP

O Ministério Público de São Paulo entrou nesta quinta-feira (15) com ação civil pública contra a Prefeitura e da Câmara Municipal pelas mudanças propostas pelo prefeito João Doria (PSDB) na Lei de Zoneamento da cidade.

Entre as alterações que a atual gestão quer está o aumento da altura máxima de prédios em ruas mais tranquilas e isenção de obrigações sociais e ambientais para construtoras. 

O G1 procurou as assessorias de imprensa da Prefeitura e da Câmara Municipal e aguardava retorno.

Na ação com pedido de liminar, o promotor de Habitação e Urbanismo Roberto Luís de Oliveira Pimentel argumenta que a Prefeitura anunciou as propostas de alteração na Lei de Zoneamento apenas como “adequação” ou “ajustes”.

“Sobrevieram evidências de que, na verdade, o que se pretende são profundas e substanciais alterações” no uso e ocupação do solo, “com reflexos, inclusive, em disposições do próprio Plano Diretor Estratégico”, disse.

O documento pede à Justiça que determine que a Prefeitura e a Câmara Municipal suspendam “o processo de encaminhamento, discussão e debates acerca da minuta, anteprojeto e projeto de lei de alteração, adequação ou ajuste da Lei de Zoneamento do Município de São Paulo”.

O promotor pede também que seja fixado o pagamento de multa diária de R$ 100 mil caso os órgãos descumpram as obrigações.

Zoneamento

O zoneamento da cidade define o uso de cada imóvel ou região da cidade por tipo – se residencial ou comercial, por exemplo, e regula construções, como a altura permitida para novos edifícios. As consultas públicas continuam pela internet e novas audiências podem ser feitas.

Entre as principais mudanças propostas por Doria estão:

– Redução de arrecadação para financiar melhorias urbanas
Proposta de desconto provisório de 30% na concessão emitida pelo município para que o empresário edifique acima do limite estabelecido;

– Aumento da altura de edifícios em bairros já saturados
Atualmente, o limite é de 28 metros, equivalente a oito andares, para vias fora dos eixos de transporte público, como as grandes avenidas;

– Isenção de obrigações sociais e ambientais para construtoras
Texto eliminaria obrigações sociais (construção de habitações) e ambientais (edifícios verdes), previstas no Plano Diretor, com as chamadas Operações Urbanas;

– Flexibilização na regra para construção de grandes empreendimentos 
O limite de lote máximo de grandes empreendimentos, como universidades e shoppings, passaria de 20 mil m² para 40 mil m².

As mudanças são criticadas por mais de 150 entidades da sociedade civil, entre as quais a Rede Nossa São Paulo, sindicatos, movimentos sociais e associações comunitárias.

Entre outros pontos indicados por ele é o de que o atual zoneamento foi aprovado há menos de dois anos, em 2016, na gestão Fernando Haddad (PT). Sobre isso, a ação cita que “parte da estratégia territorial definida” na ocasião, como estímulo ao adensamento construtivo e demográfico ao longo dos eixos de transporte coletivo, “sequer chegou a ser implementada”. 

As entidades elaboraram uma carta em que argumentam que as propostas “ferem indiretamente o Plano Diretor, premiado pela ONU e especificado pela Lei de Zoneamento, e só favorecerão o mercado imobiliário”. 

Em nota divulgada no fim do mês passado, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria de Urbanismo e Licenciamento, diz que as críticas das mais de 150 entidades “demonstram desconhecimento da proposta em discussão”.

O projeto com as mudanças na Lei do Zoneamento acabou de passar pela fase de audiências públicas. Se a ação do MP não for aceita, a Prefeitura deve encaminhar em breve o texto à Câmara Municipal, sem data para conclusão do processo.

Matéria publicada no portal G1.
 

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